SAÚDE

Desigualdades regionais pesam no combate ao câncer de mama

O câncer de mama é o tipo de neoplasia que mais atinge as mulheres e o segundo tipo que mais mata, só perdendo para o câncer de pulmão

Publicado em 15/10/2014 às 19:03Atualizado em 17/12/2022 às 03:13
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O câncer de mama é o tipo de neoplasia que mais atinge as mulheres no mundo e o segundo tipo que mais mata, só perdendo para o câncer de pulmão.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 1,67 milhão de casos novos da doença foram esperados para o ano de 2012 em todo o mundo. No Brasil, a expectativa é de 57.120 novos registros somente para 2014.

Diversos estudos apontam que a ocorrência do câncer de mama varia entre países, segundo o grau de desenvolvimento socioeconômico, sendo as taxas nos países de alta renda muito superiores às de média e baixa renda.

No entanto, nos países mais ricos, o índice de sobrevida é maior porque o câncer de mama é detectado mais precocemente e o acesso ao tratamento ocorre mais rápido do que em países emergentes ou pobres. 

O artigo “Acesso à detecção precoce do câncer de mama no Sistema Único de Saúde: uma análise a partir dos dados do Sistema de Informações em Saúde”, publicado no volume 30 da revista Cadernos de Saúde Pública, em julho, apontou que essa lógica de combate à doença a partir do grau de desenvolvimento econômico também se manifesta no Brasil, onde as regiões Sul e Sudeste apresentam as maiores taxas de câncer de mama, mas são também as que mais garantem acesso a exames e a tratamentos de alta complexidade.

O paradoxo é que, ainda assim, a mortalidade por essa neoplasia é maior no Sul e no Sudeste, com valores 40% superiores aos observados na região Nordeste e duas vezes maiores que aqueles detectados no Norte. 

Segundo as autoras do artigo, “o acesso ao diagnóstico e ao tratamento do câncer de mama no Brasil é marcado pelas imensas desigualdades de oferta de assistência especializada. Há uma grande concentração de serviços credenciados no SUS de quimioterapia e radioterapia nas regiões Sul e Sudeste, e uma ausência, quase total, na região Norte, o que certamente afeta o prognóstico de mulheres acometidas pela doença fora dos grandes centros urbanos do país. Somente no Rio de Janeiro, 44% dos casos de câncer de mama foram diagnosticados em fase avançada”.

Acesso ao tratamento. Para enfrentar esse quadro, o Ministério da Saúde (MS) estabeleceu em suas diretrizes de controle da doença a recomendação de exame clínico anual a partir dos 40 anos para mulheres que não apresentam sintomas, ou seja, que não detectaram a presença de caroços, e a mamografia bienal para mulheres entre 50 e 69 anos. A estratégia tem como objetivo principal a detecção precoce da doença, onde as chances de cura são maiores. 

O problema é que não há um acompanhamento sistemático das ações de controle, que possa servir de embasamento na hora de avaliar se há efetividade nas diretrizes.

Em 2009, o MS criou o Sistema de Informação para o Controle do Câncer de Mama (Sismama), que tem o objetivo de padronizar a coleta de dados sobre a neoplasia em todo o país, quanto ao rastreamento, ao diagnóstico e ao tratamento.

Mas, como panoramas mais gerais sobre o assunto ainda são muito incipientes, grande parte dos estudos para a implementação de políticas públicas precisa cruzar dados do Sismama e de outros sistemas mais antigos do Datasus, como o próprio Sistema de Informação Hospitalar (SIH).

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