Comparado com o grupo de controle, os atletas mostraram significativamente maior erosão do esmalte dos dentes; eles também tendem a ter mais cavidades de cárie
Pesquisa feita na Alemanha mostrou que atletas mostraram significativamente maior erosão do esmalte dentário comparados a pessoas que não fazem exercícios.
Você se considera um atleta? Corre, malha ou nada pensando em melhorar seu bem-estar e manter a saúde do corpo? Pois saiba que, fazendo isso, você pode colocar em risco a saúde dos seus dentes.
Pelo menos é o que indica um novo estudo publicado no The Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, que constatou que um treinamento físico pesado pode contribuir para problemas dentários.
Pesquisadores da Faculdade de Odontologia do Hospital Universitário de Heidelberg, na Alemanha, recrutaram 35 triatletas e 35 adultos saudáveis. Após um exame oral completo em todos os participantes, 15 dos atletas fizeram corridas extenuantes de aproximadamente 35 minutos e tiveram sua saliva coletada por várias vezes. Essa saliva foi posteriormente comparada entre os grupos.
Na comparação com o grupo de controle, os atletas mostraram significativamente maior erosão do esmalte dos dentes. Eles também tendem a ter mais cavidades de cárie e esse risco vai aumentando à medida que o tempo de treinamento do atleta cresce. Acima de tudo, quanto mais horas um atleta passa treinando, mais provável é que ele tenha cáries.
Além de tudo isso, a quantidade de saliva que os atletas produziam foi progressivamente diminuindo de acordo com o treino – eles ficavam com a boca mais seca independentemente de terem consumido água ou outras bebidas durante o treino. A composição química da saliva também mudou, ficando mais alcalina, o que pode contribuir para o desenvolvimento de tártaro nos dentes e outros problemas bucais.
“Nós sabemos que os pacientes atletas, principalmente os de alta performance, possuem uma alimentação diferenciada. É frequente a utilização de pastas ou géis com alta concentração de carboidratos e açúcares e bebidas do tipo repositores energéticos com baixo pH, o que pode aumentar o risco de desenvolvimento de cárie” – explica a dentista Bárbara Capitanio de Souza, uma das fundadoras da Academia Brasileira de Odontologia do Esporte.
Segundo ela, os atletas devem se preocupar em analisar quais os riscos que a prática esportiva oferece para saber como cuidar dos dentes. Os dados apontados pela pesquisa não são os únicos observados na hora de prevenir danos à saúde bucal provocados durante a realização de exercícios físicos.
“Existem diferentes enfoques, como quais modalidades esportivas causam maior risco de fratura dentária ou trauma na região bucomaxilofacial; quais dentes são mais traumatizados de acordo com cada modalidade esportiva; quais atletas estão mais suscetíveis a doenças dentárias, como cárie e doença periodontal, ou quais atletas estão mais suscetíveis à erosão dentária”, diz a dentista.
Orientação. Bárbara reforça a orientação para que atletas amadores ou profissionais busquem acompanhamento de um cirurgião-dentista do esporte, para que este profissional possa desenvolver um planejamento preventivo ou terapêutico – quando for o caso –, com o objetivo de manter ou melhorar a sua saúde bucal, sem prejudicar o seu desempenho físico.
“Cada modalidade esportiva, rotinas, comportamentos e hábitos de vida possuem particularidades que direcionam os cuidados. Normalmente, os produtos prescritivos utilizados são fórmulas manipuladas que desenvolvi com base em diferentes pesquisas e que possuem indicação direcionada para cada caso. É diferente a orientação para um nadador e jogador de futebol”, afirma.
Como você, atleta (profissional ou de fim de semana), pode manter a saúde bucal
Veja algumas dicas simples que podem ajudar a aliar a atividade física e a saúde bucal:
– Manutenção de uma boa higiene bucal, com o uso de escova e fio dental;
– Em caso de utilização frequente de repositores energéticos, não usar creme dental muito abrasivo, para evitar uma perda adicional de estrutura dentária;
– Evite ficar longos períodos sem a realização de higiene bucal após a ingestão desses alimentos mais açucarados;
– Colutórios fluoretados podem ajudar a reduzir os riscos, mas eles devem sempre ser prescritos e sua utilização, acompanhada por um cirurgião-dentista.