POLÍTICA

Infestação do Aedes aegypti aponta risco de surto de dengue

Índice de 8,7%, com todas as regiões da cidade com resultado superior a 4%, representa alto grau de proliferação do mosquito e é o maior para o mês de janeiro desde que é feita a medição

Gisele Barcelos
Publicado em 23/01/2018 às 17:08Atualizado em 16/12/2022 às 06:58
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Jairo Chagas

Dados foram divulgados ontem pelo secretário de Saúde, Iraci Neto e pela equipe do departamento de Vigilância em Saúde

O primeiro Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) deste ano aponta risco de surto de dengue em Uberaba. O índice médio de infestação predial verificado em janeiro foi de 8,7% e todas as regiões da cidade apresentaram resultado superior a 4%, o que representa alto grau de proliferação do mosquito, conforme parâmetro do Ministério da Saúde.

O percentual de 8,7% foi o maior dos últimos anos e o número quase triplicou em relação a janeiro do ano passado, quando o levantamento indicou infestação de 2,4%.

A região dos bairros Bom Retiro, Cidade Jardim e São Benedito apresentou o índice de infestação predial mais baixo em janeiro. Ainda assim, o resultado foi 5,7%, o que também indica risco de surto de dengue. O maior grau de proliferação do Aedes foi detectado nos bairros do Grande Boa Vista (10,80%) e também na região que engloba o Chica Ferreira, Anatê, Jardim Itália, Jardim Maracanã, Gameleiras, Recreio dos Bandeirantes, Damha e Valim de Melo (10,50%).

Segundo o diretor de Vigilância em Saúde, Nelson Ranieri, o índice alto e de risco generalizado em todos os bairros foi um resultado atípico na análise da série histórica do município. Ele nega que houve tentativa de camuflar dados e afirma que a coleta de amostras foi estendida na semana passada para ampliar a base de informações.

Ranieri explica que na primeira semana do levantamento foram vistoriados 6.952 imóveis e o aumento do índice detectado. Com isso, outros 6.857 imóveis foram selecionados para verificar se a tendência seria mantida. “Percebemos a alta atípica do índice nesse período do ano. Então, aumentamos a amostragem para melhorar a qualidade e a segurança das nossas informações”, pondera.

O diretor posiciona ainda que estão sendo avaliados os fatores que levaram ao aumento generalizado do índice, mas ressalta que o problema maior continua sendo dentro das residências. De acordo com o levantamento, 86,6% dos recipientes com larvas foram encontrados em ralos, objetos diversos nos quintais, calhas, caixas d’águas, pratos de plantas, bebedouros de animais, entre outros recipientes.

No entanto, os dados também indicam que muitos focos do mosquito também encontrados no lixo e outros resíduos sólidos. Das 14 regiões em que a cidade foi dividida para o levantamento, metade teve o lixo e o entulho como principais depósitos das larvas do Aedes.

Confira o índice por bairros clicando aqui

Secretário diz que apesar do alto índice, casos da doença estão dentro do normal

Ao divulgar o resultado, o secretário municipal Iraci Neto, manifestou que o levantamento serve para nortear o planejamento de ações de combate ao Aedes e argumentou que o alto índice não significa automaticamente que haverá uma epidemia no município.

O titular da pasta justificou que outros critérios precisam ser considerados na análise, como as notificações de casos da dengue. Neste caso, ele defende que a situação está dentro da normalidade até o momento e o número de suspeitas registradas é menor do que dos anos anteriores.

Conforme os dados da Secretaria de Saúde, foram 175 notificações e cinco pacientes com diagnóstico confirmado em janeiro de 2017. Até agora, em 2018, são 57 notificações e cinco confirmados.

Além disso, o secretário afirma que ações preventivas serão realizadas para eliminar o mosquito e evitar que ocorra a transmissão de doenças. Iraci argumenta que em trabalho de rotina da Secretaria de Serviços Urbanos nas duas primeiras semanas de janeiro já foram recolhidos mais de 200 toneladas de lixo descartado de forma irregular.

Mesmo assim, ele informa que mutirões de limpeza estão sendo organizados e devem começar antes do fim de janeiro para intensificar a retirada de entulhos e outros materiais que sejam potenciais criadouros do mosquito nos bairros.

O secretário também informa que já acionou o Estado para colocar o fumacê em operação na cidade. Em paralelo, município está em processo de contratação dos motofogs para ampliar a área coberta com a pulverização do inseticida e profissionais temporários devem ser convocados nos próximos dias para reforçar o quadro de agentes de controle de zoonoses.

Entretanto, o titular da Saúde reitera que o trabalho de combate não pode ser apenas do Poder Público e cobra o engajamento da comunidade para limpeza dentro dos imóveis.

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