POLÍTICA

Abatido pelas urnas, Congresso vira "muro de lamentações" e renova recesso até novembro

Na próxima semana não deve haver votações

Folhapress
Publicado em 17/10/2018 às 20:28Atualizado em 17/12/2022 às 14:31
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Apesar do fracasso eleitoral de várias de suas principais lideranças, o Congresso Nacional tentou retomar suas atividades nesta semana, mas a ressaca das urnas e a baixa presença levaram deputados e senadores a renovar o recesso branco na semana que vem.

Parlamentares chegaram a realizar sessão do Congresso para análise de vetos presidenciais nesta quarta-feira (17), mas o que chamou a atenção foram corredores e salões que se assemelhavam a uma espécie de muro das lamentações entre os derrotados.

Muitos parlamentares aproveitaram a semana em Brasília para percorrer ministérios em busca da liberação de obras e recursos, retribuindo o apoio de prefeitos no pleito deste ano.

Na próxima semana, última antes do segundo turno, não deve haver votações. O Congresso só deve retomar os trabalhos em novembro, após o resultado final das eleições. A medida, além de permitir que políticos permaneçam em suas bases seja para pedir votos ou para descansar da maratona eleitoral, é vista como uma maneira de economizar, já que não será preciso gastar com passagens aéreas e outras despesas para sessões, na maioria das vezes, improdutivas.

No dia 7, os eleitores promoveram uma renovação recorde. Menos da metade dos deputados federais (251) conseguiu se reeleger, cenário inédito nos últimos 20 anos pelo menos.

Um dos principais aliados do governo de Michel Temer, por exemplo, Beto Mansur (MDB-SP) afirmou que seu insucesso nas urnas se deveu, em parte, à defesa que fez do governo e de projetos como as reformas trabalhista e previdenciária.

Ele, que está no quinto mandato, diz não se arrepender.

Enquanto falava com a reportagem, na entrada do plenário da Câmara, uma romaria de derrotados parou para cumprimentá-lo e para receber cumprimentos de volta.

"Estamos juntos, na alegria e na tristeza", brincou Danilo Forte (PSDB-CE), que também não conseguiu se reeleger.

"Na véspera da eleição um grande jornal de Minas deu uma pesquisa em que eu tinha 120 mil votos na região metropolitana. Abertas as urnas, apareceram só 30 mil", lamentou a Mansur o colega Laudívio Carvalho, do Podemos de Minas Gerais.

Quando conversava com jornalistas sobre os motivos de sua derrota, Beto Mansur cumprimentou o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), dando-lhe parabéns. O tucano, então, informou que não havia conseguido se reeleger. Mansur, desconcertado, disse que os parabéns eram pelo trabalho do colega que também se despede do Legislativo no fim do ano.

Sem ter de cabeça o resultado de cada um dos 565 deputados e senadores que enfrentaram as urnas, parlamentares, lobistas e jornalistas relataram ao longo desta semana a dificuldade de abordar deputados e senadores por não saberem que tom adotar, se de felicitação ou de lamento.

Nesta quarta, um dos principais líderes da esquerda na Câmara, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), dava o seu diagnóstic "Tempos sombrios pela frente. Foi impressionante o resultado, principalmente para quem luta pelos ideais democráticos. Jogaram a água suja fora, com o bebê junto", afirmou. 

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