A Câmara de Uberaba e o Arquivo Público devem trabalhar juntos para resgatar fatos históricos da cidade. A ausência de um registro no Legislativo de Uberaba sobre a Lei Áurea, que libertou os escravos em 1888, foi um dos motivos para a ação entre as duas instituições.
A superintendente do Arquivo Público de Uberaba, Marta Zednik de Casanova, junto com o diretor de Pesquisa e Atendimento, João Eurípedes Araújo, reuniu-se com o presidente da Câmara Municipal de Uberaba, Luiz Dutra (SD), para apresentar propostas que considera importantes para a história do município.
Marta avalia a necessidade de uma retratação pública por parte do Poder Legislativo de Uberaba com a comunidade afro. Ela lembrou que nada consta na CMU que em 13 de maio de 1888, quando foi assinada pela princesa Isabel a Lei Áurea, qualquer menção à abolição da escravatura.
Marta Zednik destacou que se trata de um fato histórico de grande significado. “Os vereadores da legislatura de 1888 ignoraram o ato que contemplou a liberdade dos negros”, ressaltou, argumentando que a comunidade afro-uberabense ficará feliz com o reconhecimento oficial.
Dutra disse que desconhecia este fato, mas que será corrigido este ano, no dia 13 de maio, data em que se comemora a abolição dos escravos. Ele garantiu que será instalada uma placa com a retratação da CMU, próximo à árvore baobá de origem africana plantada em novembro de 2011 na praça Santa Teresinha, local onde acontecem anualmente os festejos e cortejos das congadas.
Outro fato apontado pela superintende do Arquivo seria um erro no brasão do município de Uberaba. De acordo com alguns especialistas da área de heráldica (ciência e a arte de descrever os brasões de armas ou escudos), há alguns erros nele, assim como na bandeira de Uberaba. “Na nossa bandeira está estampado o brasão do município, símbolo independente. Oficialmente são três os símbolos municipais: Hino, Brasão e a Bandeira”, ressaltou.
Dutra garantiu que um profissional da área fará um estudo sobre como deveria ser a bandeira de Uberaba. E, se for o caso, buscar a redefinição do “pavilhão” municipal.
Obra. Marta Zednik solicitou ao presidente a liberação de recursos para a publicação do livro intitulad “Anais da Câmara Municipal de Uberaba –1856 a 1900”. Disse que o livro está concluído e deveria ter sido publicado no ano passado, mas, por falta de recursos financeiros da CMU, a publicação foi adiada.
Durante a reunião, Dutra questionou sobre a restauração do “Cruzeiro do Cachimbo”, solicitado por ele, que deveria estar fixado na praça do Quartel. Explicou que o Cruzeiro do Cachimbo tem significado importante para Uberaba. Relembrou que foi embaixo do cruzeiro que as famílias faziam suas preces e orações para as tropas militares que foram para a guerra do Paraguai.