POLÍTICA

Delação premiada aponta que Narcio recebeu R$ 1,5 milhão

Delação premiada aponta que grupo Yser pagou propina ao ex-presidente do PSDB mineiro Narcio Rodrigues, preso na segunda-feira

Gisele Barcelos
Publicado em 01/06/2016 às 23:05Atualizado em 16/12/2022 às 18:39
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Delação premiada aponta que grupo Yser pagou propina ao ex-presidente do PSDB mineiro Narcio Rodrigues, preso na segunda-feira (30) durante operação do Ministério Público. A delação é assinada por um dos executivos da empresa portuguesa, Firmino Rocha, que denunciou pagamento de suborno no valor de cerca de R$1,5 milhão ao tucano.

De acordo com o executivo, a propina teve origem em contrato superfaturado de venda de equipamentos para a fundação Hidroex, em Frutal. Ele afirma que parte dos recursos foi desviada ao paraíso fiscal de Hong Kong em 2014 e teria sido utilizado para o financiamento ilegal de campanhas eleitorais. Narcio ocupava na época o cargo de secretário estadual de Ciência e Tecnologia do governo do hoje senador Antonio Anastasia (PSDB).

Na delação assinada com o Ministério Público, Firmino Rocha revelou que a propina foi paga para que o grupo Yser, um dos maiores de Portugal, fosse beneficiado em contrato superfaturado no esquema de aquisição de material para a "Cidade das Águas", projeto da Fundação Hidroex.

Conforme a Controladoria-Geral de Minas Gerais, que investigou a obra em conjunto com o Ministério Público, a aquisição do material para o laboratório da "Cidade das Águas" foi montada de maneira que uma empresa do grupo Yser, a Biotev, da qual Firmino chegou a ser presidente, fosse a executora do projeto. Posteriormente, a empresa teria sido a responsável pela organização da cotação de preços que teve como vencedora outra companhia do mesmo grupo, a SRN Comercial Importadora e Exportadora S/A, da qual Firmino também foi diretor.

As investigações culminaram na prisão temporária de Narcio e também de outros cinco envolvidos no caso. Eles estão detidos na penitenciária "Nelson Hungria", em Contagem, onde devem permanecer até o fim da semana.

A reportagem do Jornal da Manhã tentou contato com o filho de Narcio, o deputado federal Caio Narcio (PSDB), mas ele não foi localizado para se manifestar sobre as acusações. O advogado do tucano também não foi identificado até o fechamento desta edição.

Antes da prisão, o ex-deputado Narcio Rodrigues declarou ao jornal Folha de S.Paulo que não foi beneficiário de propina e que não atuou na execução de obras ligadas ao projeto do "Complexo das Águas", mas somente em assuntos ligados a programas de educação, que eram vinculados à Secretaria de Ciência e Tecnologia.

Já o PSDB de Minas Gerais posicionou que Narcio “não exerceu nenhuma função de captação de recursos financeiros junto à direção estadual do PSDB em campanhas de 2014". Em nota, o partido também afirmou que desconhece detalhes da operação realizada esta semana e ressaltou que eventuais indícios de irregularidades devem ser investigados pelos órgãos competentes. Conforme o texto, se houver a comprovação de crimes, os responsáveis devem ser punidos.

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