GERAL

Alunos da UFTM no exterior relatam experiências diante da pandemia

Publicado em 07/06/2020 às 12:03Atualizado em 18/12/2022 às 06:54
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Fotos/arquivos pessoais

Um levantamento junto à Assessoria de Cooperação Internacional - ACI da Universidade Federal do Triângulo Mineiro 11 alunos em intercâmbio no exterior, sendo 7 na França e 4 em Portugal.

Seis discentes no exterior foram contatados e contaram sobre suas experiências e percepções neste momento mundial tão atípico. Em comum, todos afirmaram que se comunicam rotineiramente com familiares e professores no Brasil, comunicação que de certa maneira demonstrou transmitir segurança e auxiliá-los a distância. 

Vale ressaltar que diante do contexto da Covid-19, a ACI informou que, quando solicitada, enviou aos intercambistas as orientações necessárias relacionadas à prevenção e à necessidade de interromper o intercâmbio e retornar ao Brasil ou não, ação que foi também realizada diretamente pelos coordenadores de cada um dos programas de mobilidade.

PORTUGAL

Universidade de Aveiro - UA (Portugal)

Ana Carolina Ferreira Araujo, no 7º período do curso de Letras (Português/Inglês), está em Portugal, estudando na Universidade de Aveiro – UA desde setembro de 2019. Ana afirma que desde meados de março a UA entrou em quarentena e todas as atividades relativas a aulas começaram a funcionar de forma on-line. Segundo ela, os alunos tiveram uma semana sem aula enquanto decidiam na UA sobre como proceder. No mês de maio, as aulas começaram a voltar gradativamente e houve convocação de alguns estudantes para realização do teste para Covid-19. Ana testou e apenas em dois dias obteve o resultado negativo. As aulas irão até o dia 12 de junho, com o início de exames, que são as provas finais de algumas disciplinas. Muitas dessas ações serão feitas a distância, de forma on-line, segundo Ana.

“Morar sozinha, sem a família, em situações como essa não é fácil. Desde o momento em que tivemos uma resposta da Capes e da UA de que poderíamos optar como lidaríamos com o final do semestre, foram horas de conversas sobre o que seria melhor. A minha vontade era de voltar para a casa e realmente estar perto dos meus pais, do meu irmão, mas eu não poderia arriscar a minha saúde e a saúde deles naquele momento. Com a Europa sendo o epicentro da Covid-19, a probabilidade de eu me contaminar era alta durante a minha ida para casa, por ter que usar o comboio até Lisboa para embarcar no aeroporto de lá. Preferi ficar em Portugal, em Aveiro, por mais que meus pais me pedissem para eu voltar”, relatou de forma consciente Ana Carolina.

Sobre a rotina em Portugal, no início de maio aconteceu a abertura gradativa do comércio, caso de alguns salões de beleza, restaurantes, mas foi no dia 18 que a maioria dos lugares realmente abriu as portas. A máscara tornou-se obrigatória e sempre é necessário o uso de álcool em gel nas mãos antes de entrar em algum estabelecimento. A medida de segurança de dois metros também é respeitada entre as mesas dos restaurantes e os clientes evitam aglomerações.

Da esquerda para a direita: Guilherme, Ana Carolina e Elvis (Portugal)

Guilherme Assad Balieiro Lima, no 6º período do curso de Letras (Português/Inglês), também está em Portugal, estudando na Universidade de Aveiro – UA desde setembro de 2019. Guilherme, além dos procedimentos adotados na universidade no início da pandemia, apontados por Ana Carolina, destaca que os trabalhos de limpeza nas residências da universidade (alojamento), que é onde mora, continuaram nesse período, mas passaram por algumas reformulações nos horários e nas durações por dia. Guilherme também testou negativo para Covid-19.

Guilherme também enalteceu o comportamento exemplar dos portugueses no que tange ao respeito às orientações e restrições dos órgãos de saúde.  “Essa jornada trouxe muito mais do que conhecimentos profissionais, adicionou uma maturidade em relação a ver a reação pessoal, o comportamento e a visão de nossas reações em lugares novos e com pessoas novas em todos os âmbitos”, informou Guilherme.

Elvis Barbosa Caldeira Silva, no 7º período do curso de Letras (Português/Inglês), em Portugal, também está na Universidade de Aveiro – UA desde setembro de 2019. 

Elvis ratificou que gradativamente o país está voltando a estabelecer a normalidade com o funcionamento do comércio e de atrações turísticas, como museus, observando-se rigorosamente o uso de máscaras e higienização de mãos. O posicionamento rápido e as ações sérias tomadas pelo governo, bem como a pronta compreensão e o apoio de grande parte dos cidadãos em exercer o isolamento social e ajudar os mais afetados pela quarentena foram um diferencial, segundo Elvis.

“A experiência é, sem dúvida, engrandecedora em vários níveis e, diante de uma dificuldade de nível global, é preciso consciência para que consigamos cuidar de nós e dos outros, evitando que a situação piore. Nós, enquanto bolsistas internacionais e alunos da UFTM, apesar de estar em constante aflição, adotamos as recomendações da Universidade e da coordenação do programa e esperamos voltar todos bem para casa, logo que possível” finalizou Elvis.

FRANÇA

Vinícius Andrade Sousa Cunha, no 7º período de Engenharia Mecânica, está na cidade de Blois, a 185 km de Paris, estudando no Institut National des Sciences Appliquées Centre Val de Loire - INSA CVL desde agosto de 2019, pelo Programa Capes/Brafitec, sob coordenação do professor da UFTM, Vitor Tomaz Guimarães Naves.

Vinícius afirmou que em 16 de março a INSA CVL parou, faltando apenas duas semanas para a conclusão do ano letivo. Houve reposição dessas semanas via on-line, inclusive a realização de avaliações. Muitos estágios foram adiados, ocasião em que lamentou por muitos colegas que perderam oportunidades. Vinícius, entretanto, conseguiu encontrar estágio, o qual está frequentando há mais de uma semana.

Sobre o funcionamento de estabelecimentos no país, as restrições foram severas. Em muitos lugares na cidade entravam apenas um por vez, como em farmácias, por exemplo. Máscara ainda é de uso obrigatório em todos os lugares. Foram apenas alguns motivos que permitiam sair às ruas, entre eles tratamento de saúde, aquisição de alimentos e a realização breve e limitada de exercícios. Foi assim por mais de um mês. No auge do confinamento havia multas de 135 euros para quem descumprisse. E a fiscalização, segundo Vinícius, foi rigorosa. Como gostava de praticar corrida, chegou a ser averiguado pela polícia por quatro vezes.

Atualmente, a flexibilização começou com a retomada gradual, ainda se exigindo uso de álcool em gel e máscara.

Vinícius - ambiente de estágio (França)

Lucas de Sessa Nogueira, no 7º período de Engenharia de Alimentos, está na cidade de Nancy, estudando na Universidade de Lorraine desde agosto de 2019, pelo Programa Capes/Brafagri, sob coordenação da professora da UFTM, Emiliane Andrade Araujo Naves.

Lucas informou que, quando o número de mortos na França chegou a 100 por dia, o governo, de um dia para o outro, decretou a quarentena e o fechamento de todas as escolas e universidades. Na semana seguinte, destaca, já começou a ter aulas a distância pela plataforma Microsoft Teams e com avaliações por meio de plataforma da própria universidade.

A quarentena em Nancy, segundo Lucas, foi de 55 dias, podendo sair tão somente para ir ao supermercado, farmácia e praticar brevemente algum esporte, no caso de Lucas, corrida. Havia a necessidade obrigatória de justificar os motivos por meio de um documento chamado atestação, em caso de averiguação. A falta da posse do documento poderia acarretar multa de 100 a 1.000 euros em sua região. Em maio começou a flexibilização. A partir de 2 de junho a vida começou a dor o tom de voltar ao normal, mas ainda com a exigência de máscaras.

Lucas observou muitos criticarem a indisciplina dos brasileiros quanto à pandemia, mas relata que assim que começou a quarentena na França houve também em alguns lugares exagero de pessoas nas ruas, ocasião em que autoridades do governo precisaram ir a público advertir a população.

Lucas - campus da Universidade de Lorraine (Nancy)

Brunno Silva Martins, no 9º período do curso de Engenharia Elétrica, está na cidade de Lille, ao norte da França, estudando na Polytech Lille, uma escola de engenharia da Université de Lille, desde agosto de 2019, pelo Programa Capes/Brafitec, sob coordenação do professor da UFTM, Arnaldo José Pereira Rosentino Junior.

Brunno também confirmou que em março o governo determinou a paralisação do funcionamento de todas as instituições de ensino superior do país, o que irá se estender possivelmente até setembro de 2020. Destacou que sua instituição trocou a maioria dos exames tradicionais por projetos e relatórios de atividades que já haviam feito antes da quarentena. Ratificou o rigor na fiscalização durante o período de quarentena, chamando sua atenção a união e a disciplina no comportamento dos franceses quando chamados à responsabilidade.

“Estar tão longe de casa num momento tão sério realmente não foi nada fácil. A família de amigos brasileiros que fiz aqui (tanto os que vieram comigo da UFTM, como os que conhecemos aqui na França) foi de vital importância para superar as dificuldades que esses meses nos impuseram. Gostaria de deixar meu agradecimento a todos eles, bem como ao meu professor coordenador e ao professor coordenador do meu curso (professor Rodrigo Rimoldi de Lima) pelo apoio e preocupação constante com nosso estado físico e mental aqui”, destacou Brunno.

Brunno (França)

MOBILIDADES FUTURAS

Segundo coordenador da ACI, professor Wendell Sérgio Ferreira Meira, a elaboração de editais para mobilidade internacional visando a intercâmbio no ano de 2021 continua. Dentre os editais, destacam-se o Programa de Mobilidade Internacional fomentado pela própria UFTM e o Programa de Bolsas Ibero-Americanas do Banco Santander. Nesse mesmo sentido, aqueles alunos que foram selecionados para o Programa Santander em 2019 tiveram o seu prazo para realização do intercâmbio estendido até 2021. A expectativa é de que a situação interrompida pela pandemia logo volte ao normal. 

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