Mexido à mineira
Há duas máximas no Direito que todo causídico conhece: 1ª) “O alheio chora o dono”. 2ª) “Quando alguém comete um crime e não tem ninguém para ver, Deus coloca uma testemunha”. E eu com a minha colher de pau tento fazer um “mexido à mineira” e trago à mesa para ser saboread “A verdade chora o coveiro que a enterrou, mesmo sabendo que ela não estava morta”.
O que estamos vendo no Brasil depois que se abateu sobre nós a malfadada pandemia do coronavírus? É um pega-pra-capá sem tréguas entre: o alheio, o dono, o crime, a testemunha, a verdade, a morte, o coveiro e alguns componentes indignos de serem enumerados. Nossa apreciada culinária mineira perde longe para essa briga de foice no escuro. Escuro? Não! Tudo às claras para todo mundo ver!
Observem: todos têm faca afiadíssima para cortar na carne; do outro e nunca de si mesmo ou dos seus asseclas. Nasci os dentes aprendendo com meus pais que “o seu direito termina onde começa o do outro”, e “se quer ser respeitado, então respeite”. Consolidei tais conceitos revendo-os por toda a vida. No albor da juventude, eu captava frases vindas não sei de onde que “os três Poderes da República são unidos, harmônicos e independentes entre si”.
Que decepção! Já com os cabelos prateados, vejo os ditos Poderes se engalfinharem como três instituições inconsequentes que não têm a menor ideia do estrago que causam à nação. Eu mando! Eu mando! Dizem os três ao mesmo tempo e a confusão está instalada. O povo que se... dane. Digo que se dane para não baixar o meu calão.
O Executivo precisa amaciar a embreagem; o Legislativo, tirar o olho umbigo, e o Judiciário, deixar a jactância. Não aguentamos mais! Um quer trabalhar, o outro azucrina e o outro abomina. Quem manda sou eu! Esbraveja cada um. Entendo que fazer oposição é criticar, propondo sugestões, e não ter o fim exclusivo de destruir o opositor, se esquecendo que embaixo está o povo.
A palavra do STF vira acórdão. A do Congresso vira lei. A do Executivo vira o quê? Objeto para o puxa e rasga? Senhores dos três Poderes, sejam mais coerentes. Entre vocês, combinem de se deixar trabalhar para que o Brasil siga o seu rumo. Já imaginaram quanto prejuízo os senhores dão ao país com a rusga diuturna que aprontam? Se vocês pagassem essa conta, a conversa seria outra! Ou não? Pensem...
