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A Copa do Mundo de Futebol

Iniciado na quinta-feira, 14/06/2018, o torneio mais importante entre seleções de futebol do planeta, na sua versão masculina...

Karim Abud Mauad
Publicado em 18/06/2018 às 08:24Atualizado em 17/12/2022 às 10:40
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Iniciado na quinta-feira, 14/06/2018, o torneio mais importante entre seleções de futebol do planeta, na sua versão masculina. Este ano, o evento é na Rússia, e lá, como em qualquer país que sedia um evento destes, faz-se o possível e o impossível para mostrar o lado bom do país. Tenta-se vender ao mundo um país das maravilhas. Para ficar nas últimas, foi assim na África do Sul, no Brasil e, agora, na Rússia. Em todos estes eventos, tem-se a marca, infelizmente, de um mal que assola a humanidade: a corrupção, e aqui ponto. Neste ponto, começo a descolar meu pensamento de uma grande quantidade de brasileiros, que estão “torcendo contra” nossa seleção de futebol, baseados na premissa que tenta-se vender a ideia de um país perfeito, e que nestes 30 (trinta) dias, o brasileiro esqueça todos os problemas para viver apenas o clima da Copa.

Pode no passado ter sido assim. As vitórias de 1958/1962, afastaram um pouco o nosso complexo de vira-lata e coincidiram com um momento de nossa história, onde migrávamos da zona rural para a cidade e começávamos a nos industrializar: os famosos 50 anos em 5 de JK. A conquista de 1970 traz a marca da ditadura militar, quando, de última hora, trocaram o técnico e convocaram um centroavante, que dizem teve a imposição do presidente da época. A conquista de 1994 veio no bojo do programa de estabilização monetária, com a aplicação da famosa tablita. Aqui, me arrisco a dizer que nossos jogadores se empenharam também para homenagear o último grande ídolo do país, o inesquecível Airton Senna. A conquista de 2002, na primeira Copa dividida entre dois países asiáticos, Coreia e Japão, traz, além da marca dos Rs (Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo, Roberto Carlos...), a transição política que trouxe ao poder o primeiro presidente vindo das classes populares, outro ponto. Falei das vitórias, mas temos que lembrar das derrotas, já que o Brasil é o único país que esteve nas 20 (vinte) edições anteriores a esta, tendo perdido 1974/1978, por trapaças estranhas.

A primeira, entre as duas Alemanha(s) da época e, a outra, para a ditadura argentina e seu sonho de guerra contra os ingleses, onde saímos sem derrota. Temos também as derrotas de 1982/1986, quando tínhamos os melhores times e jogadores, idolatrados pela qualidade do futebol apresentado. Finalizo as recordações, lembrando das derrotas em casa para o Uruguai em 1950, e para a Alemanha, em 2014. Esta última, pior que a derrota o elástico placar. Neste momento em que lê o nosso artigo, o Brasil já terá estreado contra a Suíça e, de coração, espero estar feliz por uma boa vitória, já que teremos feito o primeiro jogo em Copa após o sofrível 10x1, dos últimos dois jogos aqui em 2014 e novamente ponto.

Explico agora o preâmbulo sobre algumas participações com vitórias e derrotas do Brasil em Copas do Mundo de Futebol. É que tenho recebido inúmeras mensagens, no meu caso, principalmente em WhatsApp, de pessoas explicando a razão de sua torcida contra nossa seleção de futebol. E tudo comparando com a situação crítica do país. Umas criticam o Galvão e comparam com a saúde pública; outras ressuscitam o apresentador Ratinho e o custo dos estádios aqui. Até tem uma tabela da ABES e o ranking do saneamento mundial; mais outra que justifica a ausência do churrasco, e por aí vai. Respeito, entendo tudo isto.

Mas estive pensando, que desde 1930, quando teve a primeira Copa no Uruguai, nós melhoramos em vários aspectos, pioramos em outros, mas não vejo que o simples fato de gostar e torcer pelo país na Copa, tenha ajudado ou atrapalhado este estado de coisas. Não consigo, de maneira simplista, concordar com o fato de que se o Brasil ganhar o Hexa, e torço para isto, vamos enquanto nação nos entorpecer, iludir e, portanto, esquecer os nossos propósitos, nossa responsabilidade eleitoral e nos deixar iludir por promessas vãs. Não creio, e já escrevi aqui, que muitas vezes somos o país que reivindica centavos na tarifa de ônibus e no litro de diesel e deixamos passar bilhões procurando provas, ao estilo São Tomé. Basta ver as pesquisas eleitorais! Mesmo com o descrédito que, infelizmente, carregam em seu bojo.

Finalizo, esperando que a Seleção ganhe nos campos de futebol e que saibamos separar as coisas e tratar o futebol como este deve ser tratad como um jogo. E neste, sou também BRASIL.

Karim Abud Mauad

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