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Tiros e Livros

Neste dia da Consciência Negra, que muito bem poderia ser também amplificada para a Consciência Humana, quero abordar um tema muito falado, raramente tratado com a responsabilidade necessária...

Karim Abud Mauad
Publicado em 20/11/2017 às 07:40Atualizado em 16/12/2022 às 08:55
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Neste dia da Consciência Negra, que muito bem poderia ser também amplificada para a Consciência Humana, quero abordar um tema muito falado, raramente tratado com a responsabilidade necessária, que é o binômio educação e cultura. Não vou me ater aos meandros de ver esta abordagem como distinta ou diversa, pois me alinho entre os que entendem educação e cultura como um binômio indissociável. Considero vitais os processos de ensinar e aprender e a plenitude da necessidade humana de manter vivo o amor pelo saber e sua inquietude entre razão e liberdade; a educação é o caminho para a transmissão da cultura, aproximando o jovem de suas comunidades, famílias e, com isso, levando-o à necessária aproximação das artes. Esta importância capital para o futuro da nossa e de qualquer nação nos permite perceber a razão de tantas polêmicas e discórdias com a excessiva politização e ideologização de nossas escolas país afora, do Básico ao Superior, nas públicas e privadas. Esta contextualização veio como pano de fundo para falar de dois eventos que me impressionaram neste mês de novembro.

O primeiro, a reedição dos filmes de faroeste americano, quando os bandidos entravam nas cidades e intimidavam a população, inclusive o xerife, sitiando e saqueando a todos indistintamente. No famigerado 06/11/2017, Uberaba experimentou o que alguns convencionaram chamar abrasileiradamente de “novo cangaço do século XXI”. Foi deprimente, assustador e conheço pessoas traumatizadas com o processo até hoje, principalmente as que estavam na linha de tiro ou na região da ação. O imprescindível foi constatar que de fato aquele episódio serviu para demonstrar a falência do Sistema de Segurança Nacional. Foi o caos e está a exigir grande responsabilidade de todos nesta reconstrução, visto o escárnio da bandidagem para com o sistema, não deixando ninguém mais ou menos confortável; seja no Executivo, Legislativo, Judiciário, forças policiais, MP, imprensa, cidadãos, enfim, existe uma guerra nas ruas e ela está sendo perdida. Nada de esperar 2018, essa guerra precisa ser vencida ou minorada agora.

O segundo foi a realização na vizinha Araxá, entre os dias 15 e 19/11/2017, da 6ª Edição do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá), onde estive como visitante e pude participar de um momento rico do resgate cultural Brasil e Portugal, passando de fato pelos países de língua portuguesa (quinta língua mais falada no mundo) e perceber o quanto pode ser feito para as populações desses países. Todos ganham ao ter acesso à cultura; neste caso específico, a Literatura permite ao ser humano conhecer o mundo novo, que vem com a leitura e a escrita. Temos muito a avançar e confesso que, durante o evento, fiquei feliz ao encontrar uberabenses das nossas escolas e universidades (professores, alunos, coordenadores) e perceber a quantidade de escritores uberabenses que lançaram livros e, também, falaram nos diversos painéis do Festival. Nossa ALTM, junto à Fundação Cultural, poderia fazer um movimento literário com eles aqui, na Terrinha. O tema de lá, Língua, Leitura e Utopia, pode, sim, contribuir para um mundo melhor. Parabéns aos organizadores e apoiadores dessa iniciativa! Temos caminho. “Saramago que o diga”!!!

Encerro com a utopia de acreditar que Livros combatem Tiros, mesmo que no curto prazo medidas mais sérias precisem ser tomadas, lembrando que o leite não está ainda todo derramado. Vamos separar o joio do trigo.

(*) Karim Abud Mauad

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