ARTICULISTAS

Racistas, até quando?

Todos nós vimos, pela TV, num jogo entre o Grêmio e o Santos

Padre Prata
Publicado em 14/09/2014 às 11:58Atualizado em 17/12/2022 às 03:42
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Todos nós vimos, pela TV, num jogo entre o Grêmio e o Santos, a imagem daquela moça gritando em sílabas bem escandidas, o insulto ao goleiro do Santos: “Ma-ca-co”. Manifestação grosseira, mal-educada, anticristã. Por que macaco? Por que era negro? Mas, em que o negro é inferior ao branco?

Já faz algum tempo, houve, parece-me que na França, um concurso de contextura de pele feminina. Entre dez concorrentes, as negras ficaram com os quatro primeiros lugares. Pele aveludada, sem espinhas, sem manchas, sem furúnculos, sem varizes, sem rugas. As brancas ficaram com os últimos lugares.

Outro fato. Um grupo de cientistas procurou mapear o DNA humano através dos tempos. Chegaram à conclusão de que o aparecimento dos primeiros hominídeos se deu na África, na terra dos negros. Somos todos originários da África. Com a mudança de grupos para regiões mais para o norte, mais frias, houve mudanças de melanina e é só.

Outro fato. A diferença do DNA do homem (seja de que raça for) e do chimpanzé é de menos de dois por cento. Somos parentes próximos. Os chimpanzés são nossos primos, daquela mocinha também.

De tudo isso se conclui que afirmar ser o negro inferior ao branco é pura ignorância. Poderia dar mais alguns exemplos, mas estes três são o suficiente para deixar bem claro que todos nós somos racistas. Há muita gente que acha o negro inferior. Acho que já é tempo de superar esse ranço de mentalidade escravagista. Quanto mais branco, mais inteligente? A verdade é que os negros não tiveram a oportunidade que tiveram e ainda têm os brancos. Só isso. Nosso modo de pensar é fruto de uma mentalidade de escravatura que ainda não conseguimos superar. Nossos bisavós legaram aos seus descendentes esse padrão discriminatório. Lembro-me bem como meus avós, refletindo a mentalidade da época, tratavam os negros. “Negro quando não suja na entrada, suja na saída.” “Essa porcaria que você fez é serviço de negro”. “Ele é um negro com alma de branco”. E assim por diante.

Aos poucos os negros estão adquirindo melhores oportunidades. Começa que não têm mais “donos”. São livres e sobem na escala social. Frequentam as universidades e, passo a passo, conquistam seu lugar ao Sol. Martin Luther King,  Mandela, Barack Obama e muitos outros. E olhe lá! É bem provável que daqui a menos de um mês, você poderá ter uma presidente negra. Que os anjos digam “amém”.

Semanas atrás afirmei que não iria votar. Mudei de opinião. Somos todos irmãos e, como disse o Apóstolo Paulo, “Deus não faz distinção de pessoas...”.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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