ARTICULISTAS

O chão é coisa de seu Reino

Embora certo de que bem se está Cada qual em seu reino

Manoel Therezo
Publicado em 04/01/2014 às 19:08Atualizado em 19/12/2022 às 09:35
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Embora certo de que bem se está “Cada qual em seu reino”, o homem tem retirado de seu mundo, cachorrinhos, gatinhos franguinhos e outros para com eles mesclar o seu convívio. Nesse apego, não percebe que o animal repulsa certos procedimentos porque não são coisas de seu Reino. Dar ao seu cachorro, ao gatinho um espaço seguro e atendimentos que a Veterinária disponha, é precípuo ao homem que evolutivamente lhe é superior—porém, permiti-lo pela casa, subindo nos sofás, dormindo conosco na mesma cama, lambendo-nos as mãos, o rosto e a boca, a Medicina especializada tem explicações. Alegam que tal convívio exerce bom sentido ao emocional da criança em evolução. Enquanto esse convívio corpo a corpo for mantido e essa concepção dúbia imperar, os fatos vão acontecendo no estreito convívio com cachorrinho, gatinho, passarinho franguinho e outros inhos. Certa ocasião, o Sr Altino de tal, (da zeladoria da Policlínica), nos auscultava da possibilidade de seu filho fora da faixa de idade, ser atendido na Pediatria. Tudo bem... Dias depois, chegava ele com o menino cego de um olho. Indagado nos disse que um franguinho lhe havia cegado o olho esquerdo. Semanas depois, o menino chegava carregado nos braços do pai. Por inacreditável, o mesmo franguinho lhe havia perfurado o outro olho, cegando-o plenamente. Na minha infância, um amigo (Elton Mori), tinha o nariz com profundas e deformantes cicatrizes causadas pela mordida de seu cachorrinho que vivia em seu colo. Em Jardinópolis, um neto do nosso vizinho e amigo, Sr José Quirino, um cachorrinho arrancou parte do pênis de seu netinho que sempre sem roupa brincava com ele. Apesar de inúmeros acontecimentos, se tem assistido crianças e adultos sendo lambidos no rosto e na boca pelo cachorrinho. Não se intenta polemizar—apenas acrescer que não nos parece sem perigo e nem civilizado, manter em nosso colo, esses animais que não sabem o que fazem. Bom seria se todos cuidassem de fazer com o seu cachorrinho, a mesma recomendação inserida nas caixas de remédios: “Todo medicamento (cachorrinho) deve ser mantido fora do alcance das crianças”. O cachorrinho não é para receber ninguém. Quão desagradável nos é numa visita, sermos recebido por um cachorrinho agressivo e depois sem que seja retirado donde estamos, tê-lo a nos cheirar as pernas ou a pular em nosso colo. Em últimos tempos se tem badalado esse convívio, querendo lhe dar certamente, sentido chique. Chique também é passear com ele na janela do carro. Alguns para evitar constrangimentos, mandam castram o seu cachorrinho. Uma cirurgia lesiva que não discutimos—mas, pelos ensinos da Fisiologia e pelo que já assistimos, a castração modifica o comportamento do macho. Numa chácara, tivemos um porco agressivo. Era mantido isolado. Após a castração, os outros se deitassem sobre ele, tal a sua mansidão. Quando ainda mocinho, passeava na fazenda Magnólia do Sr. Vitor Tostes. Comentavam que aquele fogoso, rápido cavalo de charrete depois de castrado, era aquele de pescoço caído para frente, aquietado junto a cerca do curral. Como a castração não nos é objetivo, voltamos ao enfoque de que não há razão para mantermos cachorrinho, gatinho, franguinho e outros semelhantes em nosso colo. Se que cada qual fica bem em seu mundo, “O chão é coisa de seu Reino?”

(*) manoel_ [email protected]

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