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Vitória amarga

O estádio Maracanã ficou pronto para a Copa do Mundo

Mário Salvador
Publicado em 08/10/2013 às 20:10Atualizado em 19/12/2022 às 10:44
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O estádio Maracanã ficou pronto para a Copa do Mundo de futebol de 1950, disputada no Brasil. Naquela Copa, com regulamento diferente do atual, o Brasil seria campeão do mundo mesmo se empatasse o jogo, ao disputar a final contra o Uruguai. Mas foi derrotado e ficou com o segundo lugar. O noticiário esportivo, pródigo em relatar acontecimentos daquela disputa, reaviva nossa memória sobre o funesto resultado para o nosso país.

Na ocasião não houve comentários sobre desvio de verba na construção do estádio. Entretanto, se o Maracanã serviu para acolher duzentos mil torcedores no último jogo daquela Copa, passou a não servir para acolher jogos da Copa pelo atual padrão Fifa. Tanto que foi destruído em grande parte, para ser reerguido em obediência aos rígidos padrões atuais, pelos quais todo torcedor, ao comprar ingresso, tem lugar bem demarcado para ficar sentadinho.

A possibilidade de desvio de verbas num empreendimento como esse é incalculável. Ou, pelo menos, pode haver, digamos, um enorme erro de cálculo na construção dos estádios, que poderão se transformar em elefante branco, com muito dinheiro tendo escorrido pelo ralo. Curioso é faltar dinheiro para a segurança pública e construção de creches, escolas e hospitais. E é complicado tentar entender por que professores jamais conseguem aumento se não fizerem greve. Paradoxalmente há um investimento fantástico nas obras para a Copa e – lembrando oportunamente – nas obras para a Olimpíada, outro enorme abacaxi a ser descascado.

Porém (sempre há um porém), se o Brasil for campeão da Copa do Mundo de futebol e se conseguir algumas medalhas de ouro na Olimpíada, tudo ficará bem por aqui. Vamos viver como no tempo da Roma antiga, em que os Césares davam ao povo pão e circo. Dir-se-á, então, que valeram todos os gastos, desvios e desmandos pelo título e medalhas conquistados.

Se “futebol é o ópio do povo”, torcer pela Seleção ou por um clube é uma paixão. E povo sedado não tem condição de avaliar o quanto é prejudicado em seus direitos em razão de abusos de uns poucos, que se valem do dinheiro público como coisa própria. Por isso haverá quem torça para que a Seleção Canarinho não seja vencedora da Copa e para que, na Olimpíada, atletas brasileiros conquistem a média de medalhas de sempre, a fim de que haja um despertar de consciência. E em matéria de corrupção e desvio de dinheiro público para bolsos privados, o Brasil já é o campeão mundial.

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