ARTICULISTAS

Um tamanho que não sei medir

Numa tarde muito linda, de um sol aberto

Manoel Therezo
Publicado em 05/10/2013 às 19:12Atualizado em 19/12/2022 às 10:47
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Numa tarde muito linda, de um sol aberto e demais quente, subitamente um pavor nunca experimentado me fez sentir a grandeza da Natureza. Em razão da pressa que me preocupava, a todo instante olhava o relógio de horas no carro. Eram exatamente quinze horas. Eu vinha sozinho de Ribeirão Preto, quando já quase chegava a Uberaba, aquele sol claro e quente desapareceu. Repentinamente  enorme escuridão se fez. Um temporal nunca por mim assistido, dava a impressão de que o mundo iria se afogar em água. Nuvens negras passando umas sobre as outras como que nervosas, me amedrontavam naquela rodovia. A escuridão por fim, tomou conta de tudo pelos lados e pela frente. Parei o carro no acostamento com as lanternas acesas, informando a outros, que um medroso ali estava parado. Realmente um medroso. Quando me vi dentro daquele espetáculo da Natureza tão grande e poderosa, me senti pequeno demais e sem qualquer forma de defesa. Tive um medo como nunca sentido. Naquele instante, percebi quanto é grande a Natureza—um tamanho que ninguém consegue medir. Se ela quiser, se desaba sobre o mundo e este se reduzirá a um todo pulverizado. Ali permaneci todo encolhido com o coração a pulsar descompassado. Como pode um coração acostumado aos espantos da vida, se amarrotar todo e com tamanho medo, pensei? Ainda as nuvens e trovões estremecendo a terra, persistiam dando aquela tarde, um “quê” de pavorosa. Pouco depois, as nuvens e trovões foram se acalmando como criaturas chegando ao final de um desentendimento. Tudo foi se ajustando. O sol que também havia se escondido, a mim parecendo meio medroso, voltou sem graça a iluminar e aquecer aquele resto da tarde. A chuva que molhou aquela rodovia, parece que apenas queria me fazer medo e raciocinar e raciocinei: A Natureza é algo que quero saber, quero sentir, mas não lhe sei medir. Deus por vezes se nos mostra na Natureza, a Sua grandeza. Ela então é para mim, como sou para a formiga. Se eu tenho um metro e oitenta de altura e a formiga um milímetro de comprimento, quanto lhe serei maior? Se eu me deparar com alguém com tal tamanho, ele fará de mim, o mesmo que farei com a formiga. Se soprar, ela sairá rolando a distância. Se ela correr, de nada lhe adiantará. Com a ponta do dedo lhe esmagarei se quiser. Assim é Deus... Faz de mim, o que bem quiser. Se soprar, saio rolando a distância. Se eu correr, de nada me adiantará. Com a ponta do dedinho me esmagará. Não lhe tenho medo. Nem a formiga tem de mim. Também a formiga não possue condição visual que possa ver um tamanho assim como falamos. Tenho reconhecimento do meu poder sobre ela e não lhe faço nenhuma impiedade. O seu sistema de defesa, a mim nada significa. É desvalida, não tem outro recurso para se defender. Como evoluído, tenho por dever, reconhecer e respeitar o seu direito de viver, como é o meu. Deus também não me faz nenhuma impiedade. Ele sabe desse meu direito. Enquanto assim fico raciocinando, a Natureza grandiosa como é, continua sendo para mim, UM TAMANHO QUE NÃO SEI MEDIR.

(*) Manoel_ [email protected]

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