Pátria Amada Idolatrada

Este ano a data comemorativa da nossa independência caiu no sábado. Muitos lamentam a “coincidência” porque sendo em dia útil nossa gente a reserva para outras reflexões que não sejam voltadas à importância de sermos um país deveras independente. É que realmente não somos.

Em nós, saudosistas, bate a saudade do tempo de escola em que encenávamos o “Grito da Independência” ocorrido no lendário dia 7 de setembro de 1822. Recordamos dos desfiles de colégios, das fanfarras a disputar entre si, dos carros alegóricos (hoje banidos), dos garbosos 4º Batalhão e Tiro de Guerra arrancando aplausos nas ruas e tudo mais. Saudade eu tenho do dia 7 de setembro de 1963 quando a 1ª Guarda Mirim de Uberaba cruzou o centro da cidade, tendo-me como seu comandante. Parecer ser um sonho...

Muitos ao lerem esta crônica me acharão careta, mas ficarão pensativos ao saber que fomos fervorosos patriotas comparados com o que hoje somos. Por que os governos de Lula e Dilma, autoproclamados populares, moveram menos de uma palha para acender o sentimento de brasilidade do nosso povo? Francamente; nesse quesito eu não daria nota além de zero para os dois. Desprezaram tanto o assunto que respeitar os símbolos nacionais para muitos, hoje virou matéria de chacota.

Prestemos atenção no noticiário e veremos que as abordagens midiáticas sobre a nossa magna data cívica não passam de alguns segundos. Mas não nos falta o noticiário eivado de violência sucedido de mensagens desagregadoras dos valores familiares.

Tenho uma bandeira do Brasil em minha sala de trabalho, postada ao meu lado esquerdo. Vejo que as pessoas a observa e acham-na bonita, mas ficam inibidas com o desejo de fazer qualquer comentário. Até hoje, depois de alguns anos ali exposto, o nosso pavilhão nacional nunca mereceu uma avaliação dos visitantes. Por que tanto silêncio diante do nosso maior símbolo visual?  Não está longe de nós, o dia em que os gestos de hastear a nossa bandeira e cantar o Hino Nacional ficarão restritos aos quartéis. Prova eloquente está no fato vermos mais de 95% da cidade à margem das festividades da nossa Independência. Isso é grave!   

Sem o engajamento do povo, não há como pensar em nação independente. E percebo que, quanto mais passa o tempo, mais são criados meios para deixarmos de amar a nossa terra-mãe. Esses meios são gestados no útero da indiferença e tenho receio que, num breve futuro, os filhos da “pátria amada idolatrada” fujam, e não lutem por ela.