ARTICULISTAS

Natan Donadon

Leitor. Hoje começo esta crônica com ares de artigo

João Eurípedes Sabino
Publicado em 30/08/2013 às 20:45Atualizado em 19/12/2022 às 11:22
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Leitor. Hoje começo esta crônica com ares de artigo, inteiramente decepcionado com a nossa Câmara Federal. Sei que você também remói por dentro ao saber que temos um deputado federal condenado a cumprir em presídio pena aplicada pela nossa corte maior, o Supremo Tribunal Federal. E sua excelência, o réu desviador de dinheiro, continuará com seu mandato, por graça e obra dos seus “conspícuos” pares. Nome da “fera”: Natan Donadon.

Nossa história é pródiga em registrar situações bizarras, mas a de Natan é, por assim dizer, do tipo que Deus não duvida, porque ele nunca sai de perto. Para que você, ouvinte, saiba de onde vem a nossa imoralidade institucional, presenteio-lhe com o Art. 99 da nossa primeira Constituição, promulgada pelo “magnânimo” Imperador Dom Pedro I, no dia 25/03/1824. Art. 99: “A pessoa do Imperador é inviolável, e Sagrada: Elle não está sujeito a responsabilidade alguma”.

Portanto, termos um deputado federal trancafiado no Presídio da Papuda em Brasília e, gozando ao mesmo tempo das prerrogativas do cargo, é coisa normal, considerando o que, infelizmente, está em nosso “DNA”. Fico maquinando, sem entender o imbróglio criado pelo desencontro do Judiciário com o Legislativ um condena Natan Donadon e manda prendê-lo; o outro não interfere na sentença, mas lhe solta todas as amarras. Nesses momentos sinto vergonha de ser brasileiro.

Quem são suas excelências; os 131 deputados que votaram contra a cassação e os 41 que se abstiveram? Não posso sequer admitir que sejam cidadãos dignos de nos dar a segurança jurídica necessária ao nosso equilíbrio enquanto nação. Que povo somos nós, se os nossos representantes nos ignoram e lançam sobre a pátria os piores exemplos possíveis? Eu, que de vez em quando me dou o prazer de visitar o nosso Congresso Nacional, comparo ali com um porão cheio de ratos e ratazanas. Há exceções, é claro, mas raríssimas...

Depois reclamam da quebradeira feita País afora pelos jovens. Sou contra qualquer gestão que fomente ou pratique a violência, mas os nossos congressistas não entenderam a mensagem das ruas. É bom que eles recordem: a fase dos pacíficos “abraços solidários”, das escritas em faixas, das palavras de ordem em tabuletas, passou. Os tempos agora são outros.

Esperemos a resposta da sociedade aos “protetores” de Natan Donadon, brevemente ou nas eleições de 2014.     

(*) PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO, MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO

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