O mesmo filme

O ano mal começou e as notícias se repetem: enchentes na baixada fluminense, rios transbordando e provocando estragos, destruindo casas, fazendo vítimas. Vítimas também são feitas nas costumeiras chacinas em São Paulo, chacinas que estão firmes. E outras tantas vítimas são feitas nas estradas.

Notícias ruins não são exclusivas do nosso país: nos outros, não tem sido diferente. A Síria, por exemplo, permanece em guerra, somando já sessenta mil mortos. Na Índia, todos esperam ansiosos a condenação à morte dos criminosos que abusaram sexualmente de uma jovem, que veio a falecer. (Talvez seja o estopim para a valorização da mulher naquele país.) E basta de notícia ruim!

Chamou a atenção dos brasileiros o espírito de solidariedade do cantor Zeca Pagodinho. Morando em uma das áreas de risco atingidas pelas chuvas, Zeca percorreu as áreas atingidas e prestou socorro às vítimas, levando alguns desabrigados para a sua própria casa. Louvável gesto humanitário.

Uma das razões para que as águas causassem tanto estrago foi o acúmulo de lixo nas ruas. É que o antigo prefeito perdeu a eleição e, por isso, deixou de recolher o lixo por um bom tempo. Será que não caberia uma ação, por parte do Ministério Público, contra o ex-prefeito?

Aliás, a maioria das cidades brasileiras tem à frente novos prefeitos. E novos presidentes assumiram as Câmaras Municipais. Estão todos dispostos a trabalhar pelo município. Mas, surpreendentemente, na Câmara dos Deputados, tomou posse o petebista Genoino, condenado no julgamento do mensalão. Tudo em conformidade com a Lei. Dura Lex, sed lex!

E cá na terrinha, Paulo Piau assumiu a Prefeitura já mostrando serviço. Incumbiu os responsáveis pelo trânsito de estudarem a situação do estacionamento em algumas vias públicas e de acabarem com a armadilha (verdadeira pegadinha) de placas que indicam, de repente, velocidade permitida de cinquenta quilômetros, em lugares já com os radares a postos para flagrarem os motoristas.

Piau terá muito trabalho. E, por sua experiência, com certeza, saberá desenvolver uma administração correta. São os nossos votos.

Chico Buarque, na letra da música Meu Caro Amigo, tentou contar as novidades por que passavam os brasileiros. E explicou ao amigo distante que, diante da complicada situação, é fato que, ficando sem cachaça, cigarro e carinho “ninguém segura esse rojão”. Bem se vê que o filme é o mesmo; personagens é que mudam. Felizmente, o noticiário mescla o repeteco de notícias ruins com um pouquinho de notícias boas. Só assim conseguiremos aguentar o tranco.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro