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O quanto são feias, as coisas de hoje...

As mil belezas de tantas coisas de um tempo

Manoel Therezo
Publicado em 27/10/2012 às 19:09Atualizado em 19/12/2022 às 16:38
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As mil belezas de tantas coisas de um tempo não muito distante, já não existem mais. Em frente de quantas delas, ficamos contemplando e nos interrogando por que aquelas extasiantes belezas não mais são vistas nas coisas de hoje? A nossa interrogação mais se alarga, quando nos colocamos diante daqueles bonitos e laboriosos trabalhos de arte de ontem que ainda são contemplados nos Campos Santo. Argila e Bronze, marcados pelo rigor do tempo e intempéries diversas, guardam expressões tristonhas que o cinzel em mãos artísticas talhou o que o coração sentiu e quis dizer. Percebe-se que o sentido belo das coisas de ontem não mais encontra espaço no mundo atual, onde a criatividade se limita ao alcance de bonecos com caras de animais conhecidos, falando como se fossem gente, ocupando com terrível gosto, as telas da televisão brasileira. Como o mundo num espantoso acelerado, vem sem apelo se tornando um vazio de belezas? O que por certo aconteceu com os cinzéis que esculpiam maravilhas? O que foi feito do cinema, uma dentre as sete maravilhas do mundo, com filmes históricos, educativos e inesquecíveis? Lembro-me ainda. Quando eu cursava o ginasial, em uma prova de Historia da Civilização, me foi sorteado dissertar sobre o Cipião Africano. Como eu havia no cinema assistido a sua vida e os seus feitos, nada me foi tão mais fácil. Em quantos outros filmes, aprendemos fatos históricos. Era o cinema por vezes, extraordinário instrumento de ensino. O que aconteceu também, que perderam a linhagem doutras belezas? Das marchinhas carnavalescas de outrora, por exemplo? Eram simples composições que nos dias atuais, seriam um colosso ante as bobas, desconexas e pornográficas que escutamos. Na beleza simples daquelas do passado, enlaçados pelas serpentinas de mesclados matizes, incansáveis foliões de braços com outros incansáveis, explodiam alegrias nos salões repletos de; “Confete, pedacinho colorido de saudade,” confessando de forma alegre e jocosa: “Taí... Eu fiz tudo pra você gostar de mim...” Áureos tempos que a saudade não nos deixa esquecê-los. Como o mundo perdeu muito de seus encantos! Dentre as que se acabaram, pergunta-se também da profunda AVE MARIA de Franz Schubert, que nas catedrais pelas manhãs de todos os dias, acordava corações enchendo-os de paz e de esperança. Ao entardecer, de novo como comprimento, brindava ao homem pelo dever cumprido. Para algumas tantas coisas que se findaram, qualquer simples razão justifica o suficiente—mas para a AVE MARIA que não mais se ouve, somente uma razão maior responderá. De qualquer forma, lastima-se que as belezas de tantas coisas de ontem, já não mais se vê. A televisão que nos parecia substituir o cinema, hoje é um cesto de pregações religiosas, de aparelhos para ginásticas, de medicamentos milagrosos, de novelas com cenas mesquinhas sem nenhuma proibição, formando dia-a-dia, uma juventude sem líder, sem respeito, sem postura social, histérica e sem brio. Somente aquele que assistiu as belezas de ontem, sabe “O QUANTO SÃO FEIAS AS COISAS DE HOJE”

(*) Odontólogo; ex-professor universitário

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