Toque de silêncio...

Com tristeza, tomei conhecimento que a Banda de Música do nosso centenário 4º Batalhão está em franco declínio. Recuso-me a pensar que num futuro próximo ela poderá desaparecer. Lamentável presságio...

Nos últimos tempos não tenho visto gestões culturais como foco nas Bandas de Música. Apesar disso, elas, as Bandas, estão entranhadas em nosso sentir. Basta ouvirmos um acorde para se concluir que alguma coisa boa está acontecendo ou vai acontecer.

Aos domingos, das 6h às 7h, ouço o programa “Bandas de Todas as Bandas”, apresentado há tempos por Serafim Costa Almeida, na Rádio Capital/São Paulo. A juventude, ao contrário do que pensam os modernistas, adora as Bandas e tem participação efetiva naquele programa. Em Minas Gerais, temos a média de duas agremiações do gênero para cada cidade, número esse que já foi muitas vezes maior.

Srs. governador Antonio Anastasia, cel. Márcio Martins Sant’Anna - cmt-geral da PMMG; cel. Laércio dos Reis Gomes e ten-cel. Ademir Ribeiro de Moura, respectivos comandantes da 5ª RPM e 4º BPM; tenho certeza que não cultivam o prazer de assistirem conosco aos funerais da nossa Banda de Música. Ela sempre foi referencial para todos nós nesses últimos 103 anos e no seu lugar uma ferida incurável ficará aberta. O que fazer quando ouvirmos Chico Buarque cantand “Mas para meu desencanto/ O que era doce acabou/ Tudo tomou seu lugar/ Depois que a banda passou”. Quem tocará de forma mais bela o Hino do Uberaba Sport? O CD gravado em 2001, quando regente era o 2º ten. Eurico Camilo Gomes Filho, é amostra eloquente.  

Vai doer a saudade dos recitais, das retretas, concertos, solenidades de formatura, desfiles e bailes. Não me esquecerei do dia 16/08/1984, quando o mestre cap. José Januário chamou-me ao quartel para assistir a execução da melodia que criou para a letra da música “Juventude Nascente”, por mim concebida e dedicada às crianças estudantes de Logosofia. O regente 2º Ten. Paulo Constâncio da Silva, então regente, cedeu a batuta ao seu mestre naquele instante. Eram quase 40 músicos!

Haverá quem sofra de forma especial se for executado o toque de silêncio para a nossa Banda de Música: os militares que hoje recebem dela os estímulos para enfrentar as duras lutas na caserna e os da reserva que curtem a lembrança dos seus reluzentes instrumentos a lhes embalar o coração com sensíveis melodias.

Aplausos para os 17 músicos remanescentes, hoje regidos pelo subtenente Neoclides Santos!

(*) Presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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