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Sete

Todos nós conhecemos aquela gripe que não ata nem desata

Mário Salvador
Publicado em 18/09/2012 às 20:28Atualizado em 19/12/2022 às 17:20
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Todos nós conhecemos aquela gripe que não ata nem desata e que nos aborrece pra caramba. Pois estava eu enfrentando uma dessas quando resolvi procurar uma farmacêutica, conhecida minha. (Dias antes, no início da gripe, a mesma dedicada profissional me vendera comprimidos que seriam tiro e queda para me livrar do problema.)

Queixei-me do pífio resultado do medicamento, que pouco ou nada resolveu quanto à mazela que me atormentava. A farmacêutica, então, mencionou um ensinamento antig “Remédios apenas atenuam os efeitos da gripe. Tomando remédio, ela dura sete dias, e não tomando, dura, também, sete dias.” Durou mesmo sete dias.

E esse número ficou na minha cabeça, trazendo-me outras lembranças. Como esta: uma situação antes bem comum (e agora já em desuso) era a mãe, ao dar à luz, ficar no quarto escuro, alimentando-se com canja de galinha por sete dias, na companhia do filho. Somente ao fim desse prazo é que o pequeno abria os olhos e podíamos saber a cor deles. E havia o perigo de a criança ser atingida pelo mal de sete dias, o tétano neonatal, que ainda assusta as mães de crianças dos países subdesenvolvidos.

Hoje criança nasce com olhos bem arregalados. E as galinhas, em muitos casos, têm sido poupadas, mesmo porque não há muitas delas nos quintais. Aliás, em geral, nem há quintais nas casas.

Também gatos, animais especiais, têm a ver com o número, pois possuem sete vidas. Já tive oportunidade de observar um bichano após briga noturna, com miados infernais. Pelo estado dele (todo machucado), seria de se esperar para breve seu passamento. Em poucos dias, entretanto, estava novinho em folha, provavelmente só com mais seis vidas para futuros confrontos pelos telhados.

E são sete as maravilhas do mundo; sete são os sábios da Grécia; são sete os dias da semana, e sete, as cores do arco-íris e as notas musicais. E os sacramentos e os pecados capitais também são sete. E não se perdoam erros alheios apenas sete vezes, mas setenta e vezes sete. E apressadinhos erram as contas e nascem de sete meses.

Costumes mudam com o passar dos anos, entretanto o número sete continua emblemátic basta uma observação em cena corriqueira para que ele nos suscite tantas recordações.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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