ARTICULISTAS

Era só o que faltava

No dia 01/04/2012, visitei a Academia Brasileira de Letras no Rio

João Eurípedes Sabino
Publicado em 14/09/2012 às 19:43Atualizado em 19/12/2022 às 17:24
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No dia 01/04/2012, visitei a Academia Brasileira de Letras no Rio de Janeiro e tive a oportunidade de ver a cadeira de Machado de Assis, móvel aquele integrante do seu escritório onde concebeu grande parte da sua magnífica obra. Saí dali deslumbrado.

Passando sob os lendários Arcos da Lapa, fui até o Aterro do Flamengo ver o Monumento aos Mortos da 2ª Guerra Mundial. Confesso que até hoje não vi, além de explicações, nenhuma justificativa convincente para que os nossos jovens fossem empurrados para a guerra. Conheço gente que pagou e voltou pra casa, enquanto outros, por não terem dinheiro, nunca mais voltaram.

A surpresa naquele mausoléu veio com o que relato agora: Era dia de ensaio das nossas três Forças, pois no dia 07 de maio seria comemorado o 67º aniversário do fim daquele conflito bélico. Militares brasileiros e americanos, armados, estavam à minha frente e os ares pareciam serenos quando resolvi sair do local e atravessar de volta as movimentadíssimas avenidas Beira-Mar e Infante Don Henrique. Dirigi-me a um oficial Fuzileiro Naval e lhe pedi orientações para escolher a melhor travessia, obtendo dele a educada, porém descabida resposta: -“O senhor pode atravessar por aqui, mas por ali nunca, porque os marginais não deixam”. E apontou-me as duas direções.

Eu, então, lhe retruquei: Mas capitão, aqui é área militar e os bandidos não me deixam atravessar? “É... meu senhor, essa é a nossa realidade. Não tente atravessar, viu!”. Ali eu senti que o poder paralelo manda e manda mesmo, a ponto de um oficial de nossa Armada reconhecer aquele poderio. Observei que outros militares concordavam com o colega.

Só me restou atravessar as perigosas avenidas, sob dois riscos: Atropelamento e assalto. O primeiro risco devido aos carros que nunca paravam de passar e o segundo porque os bandidos, se quisessem, levariam-me tudo, sob as vistas do Exército, da Marinha e Aeronáutica.

Era só o que faltava: Bandidos delimitam um território e nossas Forças o reconhecem.

(*) Presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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