ARTICULISTAS

Com vontade de entender

Acompanhamos pelo noticiário o julgamento dos réus

Mário Salvador
Publicado em 11/09/2012 às 18:58Atualizado em 19/12/2022 às 17:28
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Acompanhamos pelo noticiário o julgamento dos réus nos crimes do Processo do Mensalão. Antes do julgamento, cogitávamos na impunidade dos réus arrolados e até na prescrição das penas; agora, entretanto, paira no ar a certeza da punição.

O ideal seria não só a prisão de qualquer réu no processo, mas também a exigência da devolução dos valores embolsados. O fato de ser apenas preso, como aconteceu à Georgina do INSS, depois ficar livre da cadeia e desfrutar dos valores surrupiados dos cofres públicos não pode ser entendido como pena para esses criminosos.

Muitos esperam o momento de ver os réus atrás das grades, fato que marcará o fim da impunidade daqueles que sempre encheram os bolsos com o dinheiro público, dinheiro que deveria ter servido à educação, segurança, saúde, boas estradas... (além da devolução aos cofres públicos de mais de quatrocentos milhões de reais a ser feita pelo réu Luís Estêvão, mais uma razoável quantia será recuperada, pela repatriação de dinheiro desviado pelo condenado juiz Lalau.)

O ainda deputado João Cunha sentirá a condenação no bolso e de maneira pesada. Consta que recebeu cinquenta mil reais do também réu Marcos Valério. Já condenado, João Cunha não é mais candidato a prefeito e deve perder o lugar na Câmara Federal, onde tem assento como deputado. Se não renunciar, deverá ser cassado. E deixar de ser deputado federal vai lhe doer um bocadinho no bolso, além de ele perder muitas e muitas regalias.

Mas ainda estamos por entender algo no Processo do Mensalão. O relator do processo e o revisor, ambos excelentes juízes, afirmam que os empréstimos eram de fachada, porque não seriam pagos. As operações, diz a acusação, tinham por objetivo gerar caixa para Valério e para o PT. O dinheiro era então redistribuído, por orientação do PT, a parlamentares e partidos. Essa é a conclusão da acusação, acatada pelos juízes.

Sabemos, pelas notícias, que presidentes de partidos embolsaram valores, na “compra de votos pelo PT”. Mas não vimos no noticiário nenhum nome de parlamentar que tenha embolsado dinheiro para votar com o governo. Roberto Jeferson, presidente de partido, afirmou que a bolada mensal para cada parlamentar seria de trinta mil reais. (Daí o nome mensalão). Como todos têm que prestar contas aos legítimos donos desses valores, o povo, nossa esperança agora é que haja investigação para que se conheçam os corrompidos.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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