ARTICULISTAS

Previdência

Bom para nosso ego, bom para a leitora

Mário Salvador
Publicado em 14/08/2012 às 19:46Atualizado em 19/12/2022 às 17:57
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Bom para nosso ego, bom para a leitora, ótimo para o Jornal da Manhã: uma aposentada nos agradeceu por ela ter se beneficiado com a leitura do artigo alertando sobre a necessidade de se fazer prova de vida junto ao banco. E estamos de volta com um assunto ligado a esse tema.

O Governo, com a chave do cofre na mão, queixa-se de a Previdência Social ser deficitária. E quebra a cabeça com fórmulas para prejudicar o trabalhador que busca a aposentadoria; tenta torná-la mais difícil ou, em muitos casos, impossível. Mas a Previdência sempre conviveu com erros absurdos, só corrigidos depois de muito tempo de arrombamento dos cofres.

Exemplificando, houve época em que, mesmo se o trabalhador contribuísse para a Previdência sobre um salário mínimo durante trinta e quatro anos, e sua contribuição passasse a dez salários mínimos nos doze meses antes de se aposentar, receberia como benefício um valor equivalente a dez salários mínimos. Esse sistema de cálculo só foi modificado quando a Previdência acordou. Era tarde: muitos já haviam se beneficiado. Um novo sistema fez a média das 36 últimas contribuições.

Houve tempo em que, com dinheiro sobrando, a Previdência bancou a compra da casa própria para aposentados. Uma vez combinadas, todas as prestações do imóvel eram fixas, ou seja, sem reajustes.

Houve tempo em que, para contribuintes e familiares, a Previdência mantinha atendimento médico de urgência. Em Uberaba, era feito na atual agência do INSS. Lá, certa vez, um atencioso médico nos arrancou uma unha encravada, sem anestesia. Não por economia, mas porque a inflamação impossibilitou que a cirurgia fosse indolor. (Às vezes, sentimos que a Previdência tem sempre o prazer de nos causar alguma dor.)

Homenageamos os aposentados que enfrentavam a fila que se formava de madrugada no posto de atendimento médico em busca de cura, perpetrando a poesia A Fila da Agonia (longa como a própria). Porém, houve quem faturasse indo para essa fila a fim de vender seu lugar.

Se algum dirigente quer fazer o bem, logo pensa nas costas largas da Previdência. Assim os presidiários também foram beneficiados: diferentemente da família que teve o chefe assassinado por um delinquente, a do criminoso detido é amparada pela Previdência, recebendo, por filho menor, cerca de oitocentos reais por mês. Por estar vigorando, a medida deve ser justa. Por outro lado, o trabalhador rural também recebe da Previdência, mesmo que não tenha contribuído.

Para finalizar, quadrilhas roubam da Previdência e, apesar da intensa fiscalização, pouco se tem recuperado.

E se engana aquele que pensa que, por não se enquadrar nos exemplos acima, foi esquecido pela Previdência. Afinal, muitas vezes é ele, o contribuinte, que garante amparo àqueles que mais necessitam.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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