ARTICULISTAS

Falando sozinho

Estar sozinho, não é necessariamente sentir-se só

João Eurípedes Sabino
Publicado em 27/07/2012 às 20:25Atualizado em 19/12/2022 às 18:19
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“Estar sozinho, não é necessariamente sentir-se só. É olhar em volta de si mesmo e ver a falta que faz as pessoas de bem”.

Na capa da edição 30.407 de 03/07/2012 do Jornal Folha de São Paulo, uma foto desoladora: Um ilustre cidadão no mais hierarquizado auditório do País, falando a não mais do que cinco pessoas. Quem era o cidadão? Demóstenes Lázaro Xavier Torres. E onde ele estava? No Senado Federal, com um agravante: 94% dos seus pares estavam ausentes.

Ali discursava a si mesmo o homem  cujo ato de acusar era inerente à sua função antes da política. Demóstenes é oriundo da nobre função de Promotor de Justiça no Estado de Goiás, onde também começou sua carreira o irrepreensível ex-Procurador-Geral da República Aristides Junqueira. A instituição –Ministério Público - ficou incólume, mas ressentiram os seus membros, como sofrem os que honram todas as classes, sejam elas quais forem.

“O homem perde a força verbal quando, ao tentar se explicar, nem os ventos o ouvem”. Mesmo que tenhamos visto a cena de Demóstenes discursando, o mundo lhe fazia ouvidos moucos. E mesmo assim insistiu discursando até subir no cadafalso. Foi cassado no dia 11/07/2012.

“Do excesso de poder a um desatino, a distância a percorrer é menor do que um passo.” O que levaria um poderoso Senador da República a se envolver com um contraventor, no caso, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira? Seria a mesma confiança na impunidade que tem o marginal? Hoje, depois de ter-me prateado os cabelos, entendo o porquê de estarmos longe de depurar o País, mas caminhamos para isso. Bendita seja a liberdade de imprensa.

A roda um dia foi quadrada, dizem, e, de tanto ser rolada, acabou por se arredondar. Assim é a nossa democracia que, por não ser ainda redonda, suas quinas vivas  aos poucos vão se arredondando. O episódio Demóstenes Torres levou a face dessa “roda” à frente e fatos novos virão para lhe dar outros impulsos.

E podemos refletir: “Para saber se a corrupção vai acabar, é só perguntar aos que fazem leis em proveito próprio.”

(*) Presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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