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Data Venia, doutor MTB!

Caro leitor, confesso que o assunto escolhido

Leuces Teixeira
Publicado em 14/06/2012 às 20:39Atualizado em 19/12/2022 às 19:07
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Caro leitor, confesso que o assunto escolhido para esta semana é por demais delicado e melindroso. Trata-se de um colega de profissão, guardadas as devidas proporções – Dr. Márcio Thomas Bastos –, formando em Direito pela faculdade da USP, no ano de 1958. No entanto, no ano de 1957, fez seu primeiro júri como solicitador acadêmico. Daí por diante, atuando em mais de 1.000 – mil – defesas no Tribunal Popular, atuando em vários casos de repercussão,  na acusação dos assassinos do CHICO MENDES no estado do Acre, na defesa dos perseguidos pela ditadura militar de 1964, por último atuando na defesa de Thor Batista – o filho do empresário Eike Batista. Na defesa do Carlos Cachoeira e do ex-diretor do Banco Rural, José Roberto Salgado, acusado de colaborar na montagem do esquema de financiamento político que beneficiou o PT e seus aliados – MENSALÃO; presidente da OAB/SP (1983/85) e do Conselho Federal (1987/89). Integrou o governo paralelo instituído pelo PT quando Collor foi eleito, assinou a petição do impeachement do ex-presidente Collor, ministro da Justiça do ex-presidente Lula (2003/7), onde foi sucedido por Tarso Genro. 

Percebe-se, pela pequena introdução acima, que o nosso personagem é um dos mais renomados advogados deste país, com uma folha de serviços prestados do mais alto gabarito, do qual admiro e respeito. No início de minha fala, disse: guardadas as devidas proporções, uma vez que tenho pleno conhecimento e consciência da distância que nos separa, sou um neófito na profissão, tenho muito que aprender, estou apenas começando.

Todavia, recentemente, causa-me perplexidade, estranheza, indignação e muita confusão mental a respeito de algumas notícias veiculadas em toda a imprensa – rádio, jornal, televisão e internet. O ex-ministro MTB, ao que consta,  foi o maior responsável pela mudança ocorrida com a nossa Polícia Federal. Alguns alegam que a reestruturação foi uma verdadeira guinada na busca do combate ao crime organizado – em todas as suas esferas. Neste aspecto é que vem minha dúvida: será que o ex-ministro, o maior bombeiro do governo LULA, o conselheiro de todas as horas – até mesmo quando não estava no governo, o supremo chefe da Polícia Federal, em toda sua trajetória, em nenhum momento nada ouviu, ficou sabendo, ou leu a respeito do crime organizado em Goiás, ou mesmo a respeito do Mensalão enquanto ministro de Estado? Nunca teve acesso a nenhum documento, gravação, relatório, investigação com os dois episódios? Só o ex-ministro pode responder na íntegra. Todavia, a dúvida persiste no imaginário  do povo brasileiro, por mais simples que possa ser. Um dos mais importantes elementos do governo Lula, repit o ministro da Justiça, o supremo chefe e mandatário da Polícia Federal naquela oportunidade. É inadmissível e inimaginável pensar o contrário, ou seja, não ter tido qualquer conhecimento ou informação, na qualidade de ministro, no tocante ao crime organizado em Goiás e os fatos do Mensalão. Daí a minha irresignação, Senhor ex-Ministro, data maxima venia, no bom linguajar  jurídico. No caso de dúvida, repit dúvida com relação a tudo que foi escrito, na qualidade de ex- ministro da Justiça, entendo, salvo melhor juízo, que Vossa Senhoria estaria formalmente impedido de atuar na defesa do Carlos Cachoeira e do ex-diretor do Banco Rural – Mensalão.

Sr. ex-Ministro da Justiça – Márcio Thomas Bastos –, peço desculpas e perdão pelo modo como analiso os fatos, ainda, surpreso pelos recentes ataques à imprensa e ao Judiciário, no intuito de fazer crer que o Mensalão não existiu e Carlos Cachoeira é coisa de mula sem cabeça, saci-pererê, o velho do saco que come criancinhas, o sapo que vira príncipe e o Lula não sabia de nada!!! Data venia, meu Doutor!

(*) Advogado criminalista e professor universitário

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