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Essa é a verdadeira lição de amor. Esse é o verdadeiro irmão

Quão sereno seria o mundo, se o homem quisesse

Manoel Therezo
Publicado em 26/05/2012 às 20:30Atualizado em 19/12/2022 às 19:29
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Quão sereno seria o mundo, se o homem quisesse compreender o que é ser irmão. Ser irmão, não é necessário que se venha do mesmo sangue. Aquela criatura que seus pais fizeram-na feliz, dando-lhe por abrigo o mesmo teto que também lhe abriga, por tudo, é seu irmão perante a Lei do Amor. Se você conserva uma filosofia de crença igual à minha, somos irmãos naquela crença. Se você gosta do time que eu gosto, somos irmãos também. Se você se põe nas belezas de suas predileções que também são as minhas, somos irmãos igualmente. A música por vezes, separa os irmãos porque nesse particular, cada qual tem a sua predileção. A minha, se para ouvir, apenas ouço Plácido Domingo, José Carreras, Luciano Pavarotti, Agnaldo Rayol, eventualmente Sergio Reis. Também, Carmem Monharcha, (soprano lírico da equipe de André Rieu), quando interpreta belissimamente a comovente ária “O mio bambino caro.” Cada qual com as suas predileções, importando-me lá como pensem. Exaltam os mais severos críticos do clássico, que Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti são os mais conhecidos cantores líricos do mundo e do século. No momento deste escrito é um fato que estava na internet. Plácido Domingo e José Carreras nasceram na Espanha. Plácido em Madri, (madrileno). Carreras, (Catalão). Por razões regionais, até sem saber o porquê, nascem inimigos. José Carreras foi acometido de Leucemia (câncer na medula). Viu-se em pouco tempo, sem condições de continuar seu tratamento. Viagens e dois transplantes de medula nos Estados Unidos pesaram-lhe soberbamente. Plácido Domingo ao tomar conhecimento do que se passava com José Carreras, fundou de imediato uma Assistencial aos Leucêmicos, assumindo sua total manutenção, inicialmente tão só no humano ensejo de socorrer aquele tenor. Através dessa Assistencial, Carreras se curou voltando ao canto. Notificado de que sigilosamente Plácido Domingo assim havia procedido em seu benefício, em certa oportunidade adentrou o teatro onde Plácido Domingo se apresentava. Interrompeu a apresentação. Emocionado, explicando a razão, de joelhos aos pés de Plácido Domingo, o agradeceu publicamente. Dias depois, um jornalista perguntou ao Plácido, por que havia socorrido a um seu inimigo, um tenor que até poderia lhe fazer concorrência? Plácido lhe respondeu que assim havia procedido, porque aquela voz não podia morrer. Esse é o Verdadeiro Irmão. Essa é a Verdadeira Lição de Amor. Durante dez anos, aqueles três mostraram ao mundo, invejável vivência amiga, sem o receio de um superar o outro. Dias atrás, assistindo pela televisão a uma apresentação dos grandes intérpretes do canto lírico em homenagem a Luciano Pavarotti, revejo Plácido Domingo e José Carrera, envelhecidos... Inacreditavelmente envelhecidos... Como o tempo é impiedoso e destruidor? Sem mais aquele vigor, arrimando-se tão só na técnica da emissão vocal, estiveram também homenageando a Luciano, na interpretação de Santa Luzia, sua canção [popular] predileta. Até o final da apresentação, não mais vi Domingo e Carreras. Os tempos são outros –, mas para os amantes do canto lírico, nunca outras vozes iguais, serão ouvidas.

(*) Odontólogo; ex-professor universitário

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