ARTICULISTAS

Violência e preservação da vida

Basta ligar a TV ou abrir o Jornal para saber dos surpreendentes informes

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 16/05/2012 às 20:30Atualizado em 19/12/2022 às 19:39
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Basta ligar a TV ou abrir o Jornal para saber dos surpreendentes informes sobre a extrema violência do nosso dia-a-dia. São inúmeros assaltos, assassinatos, sequestros e encarceramentos domiciliares forçados, que nos assustam, ameaçam e atemorizam a ponto de nos transformar em pessoas assustadiças e medrosas, desconfiadas de todos, buscando proteção em muros, cercas elétricas, arames e seguranças armadas ou caninas. Vivemos um tempo de medo e insegurança inevitáveis. As perguntas aos profissionais de saúde emocional se avolumam na busca de um entendimento que possibilite adaptação. Assim, os encontros psicanalíticos e suas publicações se apegam ao tema da violência, por exemplo, o nº 33 dos Cadernos de Psicanálise do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro.

Nos citados Cadernos, a psicanalista Kemper, A. K. e seus colaboradores analisaram a agressividade nos seus aspectos onto e filogenéticos, levando-nos a refletir sobre a necessidade atual e, principalmente, arcaica do ser humano de lutar por sua sobrevivência, o que os obrigou e obriga a ser agressivo (uma abordagem antropológica).

Eles partem, então, do conceito de “ad-gredi”, ou seja, “a maneira pela qual o indivíduo se intenciona e se enfrenta  na busca de contato com outro.” Em outras palavras, ad-gredi seria a tentativa de aproximação do homem a um outro homem ou ao mundo; a maneira específica de se dirigir ao mundo. Em referência à ad-gredi não podemos evidenciar apenas o lado destrutiv os conhecimentos adquiridos pelo homem possibilitaram a confecção de uma bomba atômica que destruiu Hiroxima, mas também o levou a conquistar a lua. Estas ações correspondem a uma manifestação de conhecimentos científicos exatos, aplicados a um ad-gredi aos até ainda desconhecidos absolutos.

Há muitos e muitos anos, pelo processo de seleção intraespecífica, o homem manteve e desenvolveu sua capacidade agressiva para se proteger dos outros animais, conseguir abrigo e alimentos. Quando ele atingiu o estágio de possuir armas, roupas e organização social, “uma seleção maligna” deve ter-se iniciado. As guerras entre as tribos hostis passaram a ser fator de seleção e as virtudes guerreiras passaram a representar o ideal que deveria ser buscado nos pais e mães: aqueles que apresentassem maior capacidade agressiva para o benefício e proteção da prole. (continua)

(*) Psicóloga e psicanalista

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