ARTICULISTAS

Impiedosa postura

Em algum tempo, li algo detalhado sobre uma Lei denominada de Ergonomia

Manoel Therezo
Publicado em 31/03/2012 às 20:13Atualizado em 19/12/2022 às 20:29
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Em algum tempo, li algo detalhado sobre uma Lei denominada de Ergonomia. Pelo que a definem os dicionários, diz respeito ao trabalho metódico entre o Homem e a Máquina. Como muitas leis morrem ao nascer, essa herdou a mesma sorte porque, aquela obrigatoriedade de várias adequações ao tudo do trabalho que maltrata o homem, não se assiste. Assim, em meio de tantas adequações mencionadas, figurava o ajustamento das mesas para os trabalhos com aparelhos de teclados, das carteiras para os alunos canhotos, do banco para os motoristas profissionais e tantas outras adequações. Nessa oportunidade, mentes arejadas logo entenderam o estafante trabalho do homem permanentemente de pé porque, parece haver sido na beleza desta humana Lei de Ergonomia, que as indústrias de equipamentos odontológicos dotaram seus fabricados de condições aos profissionais de um trabalho sentado, livrando-os da estafa e dos acometimentos de varizes que, muitos outros aquém dessa inteligente providência, foram seriamente afetados. O reflexo dessa adequação foi tão positivo, que não se compreende a falta de seguimento pelos fabricantes de cadeiras para os cabeleireiros que ainda sofrem a exaustão do trabalho. Para uma rápida ideia não muito diferente do que ocorre com as veias das pernas em posição de pé e parada, mantenha a sua mão abaixada à altura dos joelhos. Se as suas veias nos dorsos (costas) de suas mãos forem facilmente notadas, o sentido do exemplo se completa. Depois de algum tempo, observe como se tornam dilatadas e bem mais visíveis. Eleve agora vagarosamente a mão à altura dos olhos. Assista como voltam ao ponto de conforto. Essa mesma dilatação ocorre quando se mantém de pé e parado por longo tempo, como ainda acontece com os guardas nos quartéis, em estabelecimentos comerciais e outros. Essa postura o dia todo, semanas e meses, não há como olvidar da estafa muscular e do aparecimento das varizes. Não será preciso ser um superdotado para entender o quanto a posição somada ao peso do corpo é injuriante ao ser humano. Para amenizar os efeitos da dilatação das veias, meias  específicas têm sido indicadas sem os esperados efeitos. Por outro, tem-se que uma banqueta para de quando em vez aliviar o peso sobre as pernas, não afetaria a eficiência do trabalho. Mesmo que usada por todo o tempo, não teria ela o mesmo sentido da adequação das mesas para os teclados? O mesmo sentido das carteiras para os canhotos? Dos bancos para os motoristas profissionais? Como a Lei não é exigida, o que mais acertadamente nos parece, é convidar o mandante experimentar a tortura daquela postura. Certamente lamentará – mas, lamentação nunca foi remédio. Por tudo, com enorme certeza, na manhã seguinte, uma banqueta estará no local de seu trabalho.

(*) Odontólogo; ex-professor universitário (Odonto Uniube)

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