ARTICULISTAS

Mãe amorosa ao extremo

Quanto é difícil falar de uma senhora, como se estivéssemos falando da nossa própria mãe

João Eurípedes Sabino
Publicado em 30/03/2012 às 21:01Atualizado em 19/12/2022 às 20:28
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Quanto é difícil falar de uma senhora, como se estivéssemos falando da nossa própria mãe. Quisera eu poder estar alinhavando estas palavras à minha saudosa mãe Adalgisa, mas não podendo fazê-lo por razões óbvias determinadas pela Lei Suprema da Separação, faço com o mesmo prazer de filho à nossa aniversariante  dona Zenaide da Silva Oliveira.

Naquele caloroso 29 de março de 1927 nascia no município de Conquista a menina Zenaide, em lar envolto pela harmonia construída pelo casal Gersimina Maria da Silva e Antônio José da Silva. Aos vinte anos de idade esposou o também jovem Daniel da Silva Oliveira e logo partiram para constituir honrada família. Em sua própria casa nasceram os distintos filhos: Haroldo, Maria José, Elizabeth, Isabel, Adelina, Nicodemos, Verônica e Mauro.

Dona Zenaide, uma prosadora nata, conta causos com memória refinada e relembra fatos que mexem com o imaginário de quem a ouve. Uberaba nas últimas sete décadas não lhe passou em branco, tanto que cita alguns dos nossos personagens da época e pontua suas histórias. A vitalidade da nossa aniversariante reflete a caminhada honrosa que desenvolveu sem férias, iniciada nos primeiros anos de vida.

Perguntei a dona Zenaide: - Qual é o grande bem que a senhora possui? “Os meus filhos, netos, bisnetos, noras e genros”, tive essa magistral resposta, recheada de outros bens imateriais. Aí concluí que eu estava ao lado de uma mãe amorosa ao extremo.

Seu coração, hoje ajudado por um marcapasso, já foi forte para encorajá-la a liquidar uma cascavel que por pouco não lhe tirou a vida quando criança. Hoje esse mesmo coração lhe dá forças para conviver com a ausência eterna do esposo Daniel e da filha Maria José, que partiu no dia 28/03/10. Seus olhos azuis marejados transmitem energia à família para prosseguir sem lamentos. Eu mesmo me senti engrandecido ao seu lado, numa conversa que era para 15 minutos e durou 2 horas.

Pedi a dona Zenaide que recordasse algo que viveu e jamais esquece. Não faltaram em seus belos relatos: A infância dos filhos, o doce de leite feito no tacho de cobre, as pamonhas, festas de Reis e de São João, os mutirões nas roças, o sabão de bola, a torração de farinha, o franguinho caipira com angu e quiabo, o carro de boi e muito mais. A música raiz lhe ativa a recordação fazendo-a voltar àqueles saudosos tempos.

Mirando o futuro, dona Zenaide prossegue recebendo os nossos votos de uma vida longa a nos irradiar o seu bom exemplo.

 

(*) Presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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