ARTICULISTAS

Escultor de si mesmo

Tenho em mãos uma joia literária: a edição comemorativa dos 50 anos

João Eurípedes Sabino
Publicado em 16/03/2012 às 20:32Atualizado em 19/12/2022 às 20:45
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Tenho em mãos uma joia literária: a edição comemorativa dos 50 anos do livro DEFICIÊNCIAS E PROPENSÕES DO SER HUMANO. Eu poderia até me dar por suspeito para chamá-lo de joia, porque há 38 anos o conheci e frequentemente tenho ido às suas didáticas páginas. Seu autor: Carlos Bernardo González Pecotche, criador da Logosofia.

“Ninguém pode afirmar que domina conscientemente o campo de sua própria psicologia se não enfrentou antes, com êxito, as falhas caracterológicas que o angustiam.” Com esta frase lapidar, o filósofo de si mesmo e pensador argentino inicia seu livro sem deixar margens para dúvidas quanto à ação das nossas deficiências psicológicas. São elas pensamentos enquistados na mente que, feito bactérias, vivem a contaminar o nosso campo mental.

Tiraram-nos as possibilidades de sermos melhores, iludindo-nos com a falsa orientação de que o outro pode sanar as nossas falhas. Pior do que essa falácia é sempre ter o outro como a causa dos nossos erros. A conjugação do verbo na primeira pessoa fica sempre pra depois. Para fazê-lo deve-se ter conhecimentos e destemor para enfrentar a si mesmo.

Quando eu soube que o gênero humano pode ter 44 deficiências psicológicas e, de quebra, 22 propensões, concluí que a humanidade vive quase toda doentia. Ser escravizado, digamos, pela falta de vontade, pela indisciplina, vaidade, timidez, impaciência, pelo egoísmo, pela desordem, indiferença, veemência, teimosia, hipocrisia e outras mais, convenhamos, não há vida pior. As propensões, “acessórias” das deficiências, atuam com sutileza e também podem se apoderar do ser, fazendo-o sofrer sem limites. Propender ao fácil, a prometer, ao comodismo, ao exagero, à ira, ao desespero, ao pessimismo, ao descuido etc. é o mesmo que tender ao desgoverno de si mesmo.

A obra literária DEFICIÊNCIAS E PROPENSÕES..., que comemora meio século, inserida na ciência de González Pecotche, a Logosofia, tem o condão de converter o homem em escultor de si mesmo, enquanto experimenta auspiciosos resultados pela aplicação de conceitos originais no seu próprio interno. O viver toma outros sentidos.

(*) Presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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