ARTICULISTAS

Livre pensar

Temos imaginado como seria o mundo se certas atitudes tão normais

Mário Salvador
Publicado em 06/03/2012 às 19:46Atualizado em 17/12/2022 às 08:46
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Temos imaginado como seria o mundo se certas atitudes tão normais num passado não muito distante voltassem a vigorar.

Invariavelmente o filho se despedia dos pais pedindo-lhes a bênção. “Deus o abençoe!” – diziam os pais. Todos expressavam os desejos: “Deus o acompanhe!”, “Deus o guarde!”, “Vá com Deus!”, “Você vai conseguir, se Deus quiser!” Agora ouvem-se poucas invocações a Deus. Será que nos julgamos tão poderosos a ponto de deixar Deus de lado em nossas vidas?

A família possuía uma hierarquia; os responsáveis assumiam a criação do filho e o filho dedicava a eles profundo respeito. De repente (Ou teria sido tão devagar, a ponto de não percebermos a mudança?), a família parece ter se esfacelado. Aqui nos referimos à ideia de união, entrosamento, aconchego, valores, compromisso, responsabilidade, respeito, dedicação, ética, moral, trabalho e luta.

Famílias exigiam dos filhos o respeito ao próximo. Quando um professor entrava na sala de aula, por exemplo, os alunos ficavam de pé. O respeito ao mestre, em muitos lugares, ficou na saudade; surgiram as agressões físicas e verbais.

Também havia mais confiança entre os homens. Antes de surgir a figura do avalista ou fiador na transação financeira (e a do caloteiro), valia o fio de bigode ou barba. Honra ao compromisso valia mais que a vida. Relações humanas ficaram tão complicadas que, para se obter empréstimo ou alugar imóvel, exigem-se inúmeros documentos. Apesar dessa burocracia, o credor, não raro, recorre aos tribunais para receber o que emprestou.

Antes mulheres recebiam tratamento mais cordial. Os homens ofereciam-lhes o lugar. Se fosse o caso, o próprio. A nova mulher igualou-se ao homem ou superou-o em diversas situações, o que o levou a concluir que ela quer ficar sempre de pé.

E a droga? Antes usava-se a palavra metaforicamente (Que droga!). Hoje usa-se a própria, e a situação virou uma droga.

Os tempos são outros, não há como ignorar. Tudo mudou. Não há erro nesta ou naquela época. Há mudanças que nem o tempo barraria. Com elas veio o exager são muitos os flagrantes de falta de religiosidade; de respeito e de ética na conduta e nos negócios, no exercício de cargos públicos e privados, enfim, de amor a si mesmo, à natureza e ao próximo.

É esse o resultado do livre pensar. Não generalizemos, mas talvez o mundo fosse melhor se, mesmo com tanto progresso, a humanidade fosse tão respeitosa como o era antigamente.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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