Adeus, Ano Velho

Mais um final de ano. E no consequente começar de um ano novo, renovam-se esperanças da colheita de bons frutos. De fato, para muitos de nós, uma nova vida parece se iniciar nessa etapa.

Todos podemos, sim, ter vida nova no novo tempo. Bastam-nos, às vezes, vontade e disposição para a luta. Entretanto, não nos bastará a formulação de bons desejos, se nos faltar a vontade de mudar velhos hábitos. Ter vontade de mudar é o segredo para que possamos dar uma guinada em nossa trajetória. Um exame de consciência pode nos nortear para sentirmos se, realmente, queremos mudar para melhor. Ninguém pode assumir essa mudança por nós a não ser nós mesmos.

E para que o Ano Novo seja mesmo benéfico e gerador de felicidade, há que se limpar o espaço, tanto da casa quanto da própria alma.

Uma opção por mudança implica em abrir mão de certas situações ou mesmo dispor de bens materiais. Não é conveniente colocar algo novo em casa ou em nossos corações se não há espaço para isso, se não estamos preparados para isso. Se a casa já está entulhada de bens, nada mais deve ser colocado nela ou não será possível desfrutar do lar como um ambiente acolhedor.

É hora de abrirmos espaços no guarda-roupa, armários, estantes, gavetas, doando roupas, livros, eletrodomésticos e outros objetos de que não precisamos e que não exercem nenhuma função decorativa. Essa medida faz bem a quem recebe e abre espaço para o novo.

O exagero no número de itens supérfluos em nossas casas pode ter sido provocado pelo desejo intenso de consumir. Para que adquiramos itens mais modernos e funcionais, o ideal é passar adiante os que estão em casa e que podem ser essenciais na vida de nosso próximo. Para muitos que optaram por uma experiência de vida mais despojada, se algo novo entrar em casa, algo tem que ser retirado. Querer mais, muitas vezes, pode nos atrapalhar, quando já temos o necessário.

Entrar no Ano Novo com mágoa no coração é sinal evidente de que o homem não quer uma vida renovada, simples e melhor. É tirando do coração mágoa, rancor, aborrecimento e angústia, que daremos espaço para recebermos amor, alegria e felicidade. Isso não é tão simples assim, como pode parecer à primeira vista. Porém não é impossível.

Que todos tenhamos um Ano Novo promissor, pleno em amor e paz.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro