ARTICULISTAS

Erguer a si mesmo

Diante da tristeza de três amigos pela perda do pai, alinhavei a eles as palavras seguintes

João Eurípedes Sabino
Publicado em 18/11/2011 às 19:21Atualizado em 19/12/2022 às 21:21
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Diante da tristeza de três amigos pela perda do pai, alinhavei a eles as palavras seguintes:

Tenho a convicção de que a vida do ser não cessa antes e nem depois. É que não aprendemos ainda a vivenciar essa realidade inexorável. Se ela, a vida, cessa muito cedo, tal fato ocorreu sob os ditames das Leis Universais; se demorou certo tempo ou se foi muito longe; idem. Aquele falecido pai, tão querido pelos filhos, está inserido nesse processo.

Tentamos, sem sucesso, tirar das mãos de Deus a sua lógica e nos expressamos errado, a ponto de dizer que tal ou qual fato ocorreu antes ou depois da hora. Como admitir isso de forma irreflexiva, se nada ocorre sem passar pelo crivo das Supremas Leis. A ocorrência de eventos acessórios e circunstâncias concorrentes determinam a materialização repentina do fato que aparentemente não esperávamos ou classificávamos como uma hipótese remota.

Na verdade, há um processo em curso que ocorre à margem do nosso sentido, porém tão real quanto real é toda a Existência. Muitas vezes, por exemplo, acolhemos uma grave enfermidade sem saber que a temos. É o dito elemento silencioso que nos surpreende em todos os campos da vida. A perda de um ente querido, por exemplo, insere-se no mesmo contexto.

Por desconhecimento, denominamos a causa dos fatos que nos ocorrem de: sorte, azar, infortúnio e, em última instância, os rotulamos de obra do destino. Outro ponto que não podemos olvidar é quanto ao que muitos chamam de coincidência. Entendo que coincidência, a rigor, não existe. Ela é, “simplesmente”, a conspiração silenciosa das referidas Leis Universais.

Conhecemos pouquíssimo sobre a essência da vida e esquecemos que exatamente nela estão os estímulos para viver. Ao tempo certo, esses estímulos, se buscados com determinação, concorrem a nosso favor e nos fazem fortes diante de circunstâncias dolorosas. A perda de minha querida mãe foi e é para mim o exemplo mais eloquente.

Não há, portanto, na minha compreensão, o inesperado ou o imprevisível. Temos, sim, carência de conhecimentos para saber aguardá-los prontamente e, da mesma forma, adaptar aos seus desígnios. Desejo que os meus três amigos, diante da partida do pai, possam erguer a si mesmos.

(*) Presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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