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Vigiar sempre

Contam-se muitas e muitas histórias interessantes a respeito de um notável comerciante

Mário Salvador
Publicado em 15/11/2011 às 18:41Atualizado em 19/12/2022 às 21:23
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Contam-se muitas e muitas histórias interessantes a respeito de um notável comerciante uberabense que esteve por décadas à frente de seu estabelecimento localizado no centro da cidade. Verdadeiras ou não, as histórias atravessaram o tempo e, embora ele e seu estabelecimento já tenham sucumbido, muitas lembranças ficaram.

Machado era o que não faltava na bem sortida casa comercial de tal personagem. E era no tempo do fogão de lenha em todas as residências, o que significa que, em todas, era possível encontrar um machado para rachar lenha. Pois aconteceu que, ao fim de um dia de trabalho, um empregado esquecera que pessoa comprara dele um machado, que seria pago ao final do mês. Assim, não havia como debitar o valor do produto na conta do comprador.

Ouvindo a história, o comerciante, que não levava prejuízo, decidiu debitar o machado na caderneta de dez fregueses diferentes. Ao que reclamasse não ter feito a compra, pediriam desculpas, alegando engano, justificável pelo grande movimento da casa. O resultado é que foram recebidos vários machados, pois poucos fregueses reclamaram da cobrança. A história vem a propósito de um alerta a todos nós, consumidores. Será que, a cada compra ou serviço que solicitamos, conferimos com rigor a fatura emitida?

Imaginemos que certas empresas resolvam acrescentar em cada conta – ou numa considerável parcela de contas – algum serviço não solicitado. Não havendo reclamação, a parcela continuará sendo acrescida mensalmente na conta. Ou seja, pagar-se-á um machado por mês. Quando um cliente acorda, confere a fatura, nota o erro e faz a reclamação, recebe um pedido de desculpas, bem como a informação de que o valor debitado será abatido na próxima fatura. Resta ao cliente conferir as faturas seguintes, até ter certeza de que pagou apenas pelo que de fato consumiu.

É mesmo importante ter cuidado com compromissos a pagar, cartões que podem ser roubados, extraviados ou clonados e até com a esperteza de malandros que fazem cartões de crédito e compram em nome de falecidos, mas deixam de pagar os compromissos. E o nome do falecido vai para o SPC e Serasa. Difícil de acreditar? Pois está acontecendo. O aborrecimento para a família é grande. E se você diz ao serviço de cobrança que o cartão foi clonado, ainda lhe perguntam se você não tem interesse em pagar, para tirar o nome do SPC. Então se entende o que é lutar na Justiça por causa de dano moral. Aceitar um simples pedido de desculpas pode não ser o suficiente para se ensinar uma lição.

Fazendeiros, consumidores em geral e empresários recebem boletos de produtos que não adquiriram, ou um tal de “outros” nos serviços listados em faturas, ou nomes parecidos com os de produtos que foram adquiridos realmente, ou taxa (ilegal) por boleto emitido e, por causa do volume que movimentam, não conferem, item por item, o que foi discriminado.

Acredita-se, via de regra, na honestidade de todos. Mas a regra tem exceções. Estar bem informado, inclusive do que possa parecer óbvio à primeira vista, é boa estratégia para não ser enganado. E uma verificação criteriosa dá a certeza de que não foi incluído nenhum machado na fatura do consumidor de qualquer produto ou serviço, de qualquer empresa.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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