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Quem sabe, também?

Quando me deparo com uma criança em fase de seu desenvolvimento

Manoel Therezo
Publicado em 16/10/2011 às 13:20Atualizado em 19/12/2022 às 21:50
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Quando me deparo com uma criança em fase de seu desenvolvimento, envolta em vasta cabeleira que certos pais deixam para que ela se pareça com o seu ídolo, logo me vem o que li em uma revista especializada de Patologia. Tratava-se de uma pesquisa para conhecer melhor, se a perda de energia consumida pela “Queratina” refletia seriamente no organismo animal. “Queratina” é uma proteína insolúvel, encontrada nas unhas, cabelos, pele, bico das aves, cascos e em outros tegumentos.

Como na ocasião assumia a disciplina de Histologia, sempre levava informações da Patologia, porque ambas são relativamente próximas. Para tal operação, como descreveram, confinaram dois novilhos, considerando filiação, idade, peso e demais outras razões para que a conclusão fosse precisa. Durante todo o tempo de confinação, apenas um comportamento era diferente para com aqueles dois. Em um, os chifres eram aparados rentes ao couro, os cascos também aparados à medida de seus crescimentos. Mesmo os pelos maiores eram tosados frequentemente. Tudo que pudesse consumir energia pela “Queratina” em um deles era assim o cuidado. O outro, não recebia o mesmo comportamento, logicamente.

Findo o tempo concebido de espera, ambos apresentavam desenvolvimentos diferenciados, consideravelmente. Naquele em que se cuidou dos aparamentos dos chifres, dos cascos e dos pelos, o desenvolvimento foi notoriamente superior em relação ao outro. Temos que a  maioria dos criadores desses animais, não por àquela razão certamente, mas por acharem mais estético, lesam os brotos germinativos de seus chifres. Esse procedimento é denominado de mochamento. De qualquer forma, tem-se presenciado que os animais assim mochados, de fato, parecem mais belos, robustos, com pelos lisos, mostrando-se diferentes de outros que também se veem e que não exibem tal aspecto. Será que esse desigual percebível não se estriba nos mochamentos, inibindo a perda pela “Queratina”, conforme se desejou verificar naquela experiência? Será, penso eu, se aqueles longos cabelos que os pais costumam deixar na criança em seu período de desenvolvimento, como dissemos, não exercem o mesmo efeito observado naqueles animais da experiência? Evidentemente, acreditamos que ninguém venha a entender que falamos em destruir os folículos pilosos, tal como se faz nos animais, mochando-lhes os germinativos dos chifres. Seria, na compreensão lógica, aparar os cabelos constantemente, de modo que a energia da “Queratina” perdida naquele crescimento fosse menor, sem reflexo no desenvolvimento da criança, no igual como se observou naqueles animais. Quando se estabelece comparações até parecendo ridículas, firma-se que a ciência é séria, não concebendo nenhuma forma de comparação descabida. Se naqueles animais a menor perda de energia resultou em desenvolvimentos diferenciados, o mesmo se repete em qualquer animal semelhante.

Claro que se tem observado criaturas mais altas que outras, sem aqueles cuidados, aparentemente. De fato, há diferentes estaturas sim e quem pode afirmar que as mais altas tiveram, até sem pensar nisso, os seus cabelos aparados no período de seus desenvolvimentos? Firmado na seriedade da ciência, é precípuo lembrarmos que é na constituição dos cabelos onde se encontra a maior perda de “Queratina” – e quanto mais longos forem, maior há de se considerar a perda de energia. Quem sabe gracejando, se aquelas informações viessem à tona novamente, firmando os seus resultados positivos, aqueles sapatos com seus 10 ou mais centímetros de saltos, que apenas suspendem, mas não iludem a altura, deixariam de enganar tantas criaturas, que, em seu período de crescimento, tiveram até à cintura ou mais abaixo dela os seus cabelos crescidos, que hoje, pelo SIM ou pelo NÃO, estão cortados curtos, como assim deveriam estar naquele período de suas desenvolturas.

A endocrinologia sustenta que qualquer perda energética reflete no organismo e esta não se diferencia de outras perdas. Ainda repetindo, quando vejo um rosto de criança inocente e alegre perdido em meio a tantos cabelos desnecessários, volta-me o tudo daquela experiência. Tenho certeza de que aqueles que, quando alunos, ouviram a informação e dela não se esqueceram de forma alguma deixam crescidos os cabelos de seus filhos, como vemos exageradamente deixados em tantos outros.

(*) Odontólogo; ex-professor universitário (Odonto-Uniube)

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