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Gol contra

A denominada bancada do jogo, na Câmara dos Deputados, mobiliza-se

Mário Salvador
Publicado em 04/10/2011 às 20:22Atualizado em 19/12/2022 às 22:01
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A denominada “bancada do jogo”, na Câmara dos Deputados, mobiliza-se para que jogos como bingo, videobingos e caça-níqueis sejam regulamentados no Brasil e, consequentemente, liberados.

Dentre as alegações a favor da liberação desses jogos de azar estão o favorecimento do turismo e a criação de novos empregos. Além disso, parte do imposto pagaria despesas das áreas de Segurança Pública, Cultura, Esportes e Saúde (o que evitaria a volta da CPMF).

Caberia ao governo criar um esquema de fiscalização muitíssimo especial, que permitisse o recolhimento da parcela que lhe caberia como imposto. Conseguiria tal proeza? Isso é aparentemente impossível. Essa dificuldade de exercer uma severa fiscalização facilitaria a lavagem de dinheiro, dentre outras irregularidades, argumento esse apresentado por quem é contrário à legalização do jogo.

Sabemos que, embora proibidos, os jogos de azar proliferam pelo país, e constantemente surgem denúncias de descobertas de grandes bancas de jogos de azar: bingo, roleta, carteado... Não raro também são descobertos verdadeiros cassinos, bem montados e frequentados, pois o que não falta é jogador disposto a arriscar tudo em busca do inimaginável. E esses jogadores já contam com os jogos patrocinados por instituição do Governo, jogos que legalmente arrecadam milhões do bolso de sonhadores.

A bancada do jogo na Câmara dos Deputados deveria participar de reuniões com os grupos de Jogadores Anônimos, grupos que tentam ajudar pessoas que pouco têm de patrimônio depois que o vício lhes tirou quase tudo e as fez contrair dívidas pessoais e dar prejuízo para a família.

Essas entidades que lidam com Jogadores Anônimos, Alcoólatras Anônimos, Fumantes Anônimos e Devedores Anônimos realizam um trabalho louvável. Mas é um heroico trabalho de formiguinha diante da oferta de bebidas, cigarros, mesas de jogos e crédito fácil oferecido pelos bancos e casas do ramo.

É fácil viciar em alg é fácil jogar, é fácil beber, é fácil fumar e é facílimo gastar. Somente no fundo do poço é que o viciado acorda ou é acordado por alguém da família ou por um verdadeiro amigo. E muitas vezes isso acontece tarde demais.

Em Uberaba, um clube social teve de pagar cem mil reais ao fisco, pois se associou a um bingo e, embora o contrato fosse bem claro quanto às responsabilidades de cada parte, o clube acabou se sacrificando em razão de ação de cobrança de impostos, apesar da defesa feita por advogados especialistas no ramo.

Jogos de azar geram problemas financeiros e outras dificuldades para famílias e empresas e podem facilitar a ocorrência de uma série de irregularidades. A bancada do jogo precisa pensar realmente nas famílias brasileiras e deixar de fazer esse gol contra a sociedade.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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