O tempo não é empecilho para que nos recordemos, com clareza, de uma situação corriqueira
O tempo não é empecilho para que nos recordemos, com clareza, de uma situação corriqueira em nosso tempo de criança. Se o filho teimava em não atender aos chamados da mãe, insistindo nas brincadeiras com os colegas, era certeza de ele ouvir uma ameaça que soava como algo terrível: “Vou chamar o soldado!” E imediatamente acabava-se a brincadeira.
A imagem do soldado incutia não apenas respeito nas crianças; era mais que iss era um terrível medo. Ao avistar um soldado na rua, elas procuravam proteção, socorro.
Na época do programa Roda Gigante, a Polícia Militar criou um projeto para aproximar soldado e criança. Chamava-se “PM, o Amigo Legal”. No Roda Gigante, a criança recebia uma carteira de identidade específica do projeto e já não mais temia o soldado; passava a vê-lo como protetor, um verdadeiro amigo. A iniciativa apresentou às crianças uma nova imagem do soldado.
A sociedade confia nos policiais militares, que, encarregados de manter a paz e a segurança dos cidadãos, sempre respondem aos apelos da comunidade, enfrentando, muitas vezes, situações complicadas. Uma dessas situações é justamente encontrar elementos corruptos dentro da própria corporação. As providências para resolver o problema, sempre que detectado, têm sido imediatas. E a punição, exemplar.
Outra dessas situações é a existência de uma lei penal que favorece os criminosos e provoca um complicado prende e solta, que até poderia tirar o incentivo dos homens da lei.
Um cidadão deixou de ser Ministro por ter, por longos anos, pago sua empregada com o dinheiro do Congresso, além de dispor de um motorista, pago com dinheiro público, para levar a esposa às compras. Deixou de ser Ministro e voltou para a Câmara, reassumindo a cadeira de Deputado. Que tipo de representação é essa?
Já houve uma amostra de passeata contra os corruptos. É um bom começo. Agora, no Rio de Janeiro, nova manifestação com o mesmo objetivo, desta vez tendo vassouras como símbolos da necessidade de eliminarmos do país a corrupção.
E essa semente, se regada, vai frutificar. Um dia, quem sabe, as coisas poderão ser diferentes e os bravos PMs verão seu trabalho surtindo o efeito esperado pela sociedade que eles protegem, até com riscos pessoais. A sociedade, cansada de levar tantos tapas na cara, espera pelo dia em que a PM possa finalmente prender todos os corruptos. E haja cadeia!
(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro