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Honestidade

Em março deste ano, morreram ou desapareceram, no terremoto seguido de tsunami no Japão

Mário Salvador
Publicado em 23/08/2011 às 19:25Atualizado em 19/12/2022 às 22:42
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Em março deste ano, morreram ou desapareceram, no terremoto seguido de tsunami no Japão, cerca de vinte mil pessoas. E os moradores das cidades destruídas conseguiram reaver mais de 3,6 bilhões de ienes, cerca de 76 milhões de reais. Vigora naquele país o princípio da honestidade: “O seu, ao seu dono!”

A polícia conseguiu identificar 85% dos proprietários do dinheiro encontrado nos escombros por equipes de resgate e por cidadãos. (A maior parte desse valor estava em 5.700 cofres; 26 milhões de reais estavam em carteiras ou bolsas.) Um cidadão, por exemplo, recuperou seus 100 milhões de ienes, cerca de 2 milhões de reais, que guardava em um cofre.

São dignas de nota a atitude e a atuação do povo japonês diante de tragédias. Citemos como exemplo a notícia de que, em uma semana, uma estrada destruída pelo tsunami foi totalmente refeita. Sem correria, desordem ou saques por parte da população, o povo se juntou às autoridades para reerguer o país, com ordem e trabalho.

Em nosso país, por enquanto, os noticiários têm sido, em geral, desanimadores: denúncias de conduta indevida no exercício de função pública indicam o desvio de dinheiro público para bolsos particulares. Não é pouco o dinheiro e não são poucos os envolvidos.

Também foi descoberto um esquema de sonegação de impostos que, em princípio, acarretou um prejuízo de um bilhão de reais para os cofres federais. Talvez o mesmo valor possa ser alcançado em tributos sonegados aos Estados e Municípios.

Uma tragédia provocada por intensas chuvas, em janeiro deste ano, fez o Estado do Rio sofrer danos de monta. O governo federal destinou substanciosa verba para a recuperação das cidades. Mas, em Teresópolis, uma das mais atingidas, o prefeito foi afastado do cargo, acusado de embolsar 20 milhões de reais da verba recebida. O vice-prefeito morreu, vítima de infarto, dois dias depois de tomar posse como prefeito. Assumindo o cargo, o terceiro prefeito tem agora muito serviço à sua frente.

O respeito ao bem alheio, que, em geral, vigora no Japão, não é comum a alguns brasileiros. Ou, pelo menos, a certas cabeças coroadas, que deveriam, no mínimo, zelar pelo bem público.

Felizmente, homens de bem têm descoberto e denunciado a desonestidade, que tem sido noticiada e coibida. E se nós, o povo brasileiro, temos conseguido essa façanha, é porque a honestidade ainda é um princípio seguido pela maioria de nós. E jamais desistiremos dessa ideia.

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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