Acompanhei um amigo, vítima de acidente, durante um tratamento. Comentávamos sobre a forma como ocorreram os fatos e sobre a dificuldade que estava sendo enfrentar a necessidade de uma fisioterapia.
Não sendo médico ou psicólogo, acho realmente difícil encontrar palavras adequadas para acalmar alguém com problemas semelhantes a esse, inclusive porque, muitas vezes, o que imagino que possa servir de consolo pode, na verdade, piorar a situação.
Por isso prefiro ouvir a falar. Então, pacientemente, ouvia o desabafo do amigo, o que, creio, estava funcionando para ele como uma espécie de catarse.
De repente um de nós, já nem lembro mais quem, teve a ideia de entrar numa igrejinha que ficava em nosso caminho e que, antes, nem havíamos notado.
No templo acolhedor, encontramos, perto do altar, uma frase que, naquele momento, significaria muito para nós: “Eu, que me queixava por não ter sapatos, encontrei alguém que não tinha pés!”
Todos conhecemos pessoas que são realmente felizes mesmo não tendo mão ou pé. E outras tantas que os têm e não são felizes; apegam-se aos menores problemas e fazem deles sua cruz. E às vezes somos exatamente essas pessoas.
O fato é que aquelas palavras, bem ao gosto popular, bastaram para acalmar meu amigo. Ele ponderou, então, que o acidente poderia ter sido mais grave; poderia até mesmo ter-lhe tirado a vida.
Não tenho dúvida de que a visita àquela igreja nos fortaleceu o ânimo e nos revigorou a fé, que sempre tivemos e que estava apenas momentaneamente adormecida.
Restabelecido pelos cuidados médicos, pela fisioterapia e pela fé em Deus, hoje meu amigo continua exercendo suas atividades profissionais e tem transmitido a todos uma energia contagiante e encantadora, agradecendo sempre a Deus pela vida e falando a todos das maravilhas que experimentamos dia a dia e que só percebemos se formos suficientemente sensíveis para isso.