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Mulher negra

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 01/08/2011 às 23:59Atualizado em 19/12/2022 às 23:04
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No dia 25 de julho foi comemorado por todo o Brasil, o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, mostrando a luta que estas mulheres fazem para conseguir a igualdade no exercício do ir e vir, em buscar melhores salários, oportunidades e direitos.

Esta data foi institucionalizada em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingo (República Dominicana), onde definiu-se que este dia seria o marco internacional da luta e resistência da mulher negra. Desde então, vários setores da sociedade têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data. Assim, este dia tem como propósito alertar para a opressão vivida por estas mulheres,  buscando soluções.

 Alguns podem até negar, mas igualdade de direitos ainda não é uma realidade das afrodescendentes brasileiras, no entanto, mesmo oprimidas, elas superam barreiras com garra e determinação.

Não precisamos ir muito longe para comprovarmos, que na grande maioria das mulheres negras, existem em seu histórico de vida, marcas da opressão de gênero, intensificadas pelo racismo e pela exploração de classe social ou na liberdade de seu trabalho.

Presenciamos, constantemente, aquelas que buscam, por meio dos espaços políticos, democratizarem as relações de poder e de expressão, a liberdade para exercer a profissão e garantir a igualdade de gênero, não alcançando o êxito esperado, na maioria das vezes.

Mas por que oficializar uma data específica para a mulher negra? Por que não criar uma data para mulher branca? Para a mulher índia? Seria isto discriminação?

Diz o velho ditad “conquista quem luta para conseguir”, e foram as mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas que foram à luta em busca de definir uma data específica para elas. Por que as demais não fazem o mesmo?

Segundo mulheres como Glória Maria, Cora Coralina, Naomi Campbell, Sandra de Sá, a escrava Chica da Silva, as atletas Melania Luz e Wanda dos Santos, a Cantora Elizeth Cardoso, a Vó Aparecida, de Uberaba, e tantas outras negras, mães-de-santo, mães-de-leite, parteiras e aquelas que participaram dos movimentos sociais, “é preciso destacar uma data para simbolizar quem somos e como vivemos”.

As mulheres estão em pequeno número no espaço político, não atingindo a cota de 30% estabelecida em lei. No que se refere às mulheres negras, o quadro piora, e muito, comprovando tal fato, basta olharmos o quadro do primeiro escalão dos órgãos públicos, nos três poderes – (Legislativo, Executivo e Judiciário) em nosso município.

Nesta luta incansável, uma amiga jornalista, que se sente orgulhosa por ser negra, vive constantemente trechos da música de Chico Buarque, que diz: “Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá. Faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há, mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira pra lá...”. 

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