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O Museu de Freud - Impressões

Freud decorou seu mundo imediato com o passado mais distante

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 27/07/2011 às 19:30Atualizado em 19/12/2022 às 23:08
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Freud decorou seu mundo imediato com o passado mais distante, colecionou objetos de arte antigos durante toda sua vida, conseguindo um número considerável de estatuetas romanas, egípcias, assírias e etruscas. Seu local de trabalh a sala de consultas e o escritório estavam repletos dessas estatuetas exibidas em vitrines, sobre as mesas e também diante dos livros da sua biblioteca. Já o apartamento da família, embora de aparência confortável, não tinha o mesmo esplendor do consultório.

De acordo com Paula, a governanta da família, Freud saudava todos os dias, quando entrava no seu escritório, o sábio chinês sorridente, que colocou à direita da mesa onde escrevia e diante dos pacientes e convidados. À direita do sábio uma estatua egípcia de Imhotep (venerado como deus do saber e da medicina) que tinha sobre os joelhos um rolo de papiro; à esquerda um guerreiro egípcio... quem sabe estes seriam seus guias para acompanha-lo nas suas viagens ao inferno da “alma humana”! No entanto, esta rica coleção não me impressionou tanto quanto seus óculos e a caneta que usava diariamente, assim como documentos da sua crescente aceitação no mundo acadêmico e político! (Lá está a folha da agenda do Imperador Francisco Jose quando este lhe conferiu o título de Professor!)

Também está em Viena, dentre as poucas peças doadas pela família para o museu, a cadeira desenhada especialmente para lhe dar conforto a partir de um estudo da sua posição preferida para ler e escrever. À sua esquerda, fixado na maçaneta da janela em vidro duplo, um pequeno e curioso espelho decorativo. Por que ele estava ali? Será que Freud gostava de se olhar no espelho? Todas as peças do gabinete de trabalho tinham uma utilidade, nada estava ali por acaso ou inutilmente. Todo mobiliário, quadros decorativos, vitrines, cadeiras tinham sido escolhidas a dedo para o conforto e apreciação de Freud. Para isso ele contava com a dedicação total de quatro grandes mulheres: sua esposa Martha, sua cunhada Minna, sua filha Anna e a governanta Paula.

O famoso divã, todo o mobiliário e a valorosa coleção de obras de arte que vemos apenas as fotos em Viena estão no Museu Sigmund Freud em Londres – Maresfield Gardens. Esta casa é magnífica com sua porta de entrada em ferro verde que abre para um jardim luxuriante. Nela Freud passou seus últimos dias não cansando de agradecer ao Fuher que o obrigou a deixar a Áustria e assim encontrar a paz neste recanto. Ele adorava a vista do jardim interior e pediu para descer seu leito do primeiro andar de forma que pudesse apreciá-la mesmo deitado. Foi lá que morreu. Vale a pena conferir!

(*) psicóloga e psicanalista

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