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Nunca perto do nó

No dia 11/12/2004, tivemos em Uberaba a queda do avião PT-WAK, tipo EMB 110

João Eurípedes Sabino
Publicado em 10/06/2011 às 20:07Atualizado em 19/12/2022 às 23:52
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No dia 11/12/2004, tivemos em Uberaba a queda do avião PT-WAK, tipo EMB 110, série 110071, morrendo a tripulação e o sr. Paulo Sebastião dos Santos, que teve sua casa destruída no Bairro Pontal. Repetiu-se a dose no dia 10/03/2005, quando a aeronave PT-DFK também caiu aqui, matando o seu comandante, Henrique Bernardo.

Diante desses dois desastres, o Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região formulou denúncia à Procuradoria da República, requerendo-lhe as apurações dos fatos. Do dia 14/04/2005 (data da denúncia) a 03/02/2011 (última manifestação da Aeronáutica) passaram quase 06 anos e os fatos, depois de inúmeras idas e vindas nos túneis da burocracia, são “esclarecidos” de forma inconvincente. Basta dizer que S. Exa. o tenente-brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, homologou Relatório de subalternos constando dados conflitantes entre si. Chamados pela séria Procuradoria da República a manifestar sobre pronunciamentos oficiais nos autos ICP-192/2005, não ocultamos a nossa opinião crítica ante todo o processado. Algo fica muito clar Quem morreu, no mais das vezes, paga o pato. Finados não podem fazer boca-de-urna.

Frisei à Procuradora da República que “...o ato de voar não se faz sozinho. Tivesse Santos Dumont sem a mínima assessoria em terra, por certo que hoje não seria “o Pai da Aviação”. O acidente é o elo de uma corrente que se rompe.

Recentemente, assistimos à Justiça condenar, aliás, premiar, os dois pilotos do jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol no ano de 2006. Morreram 154 passageiros! O sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos, controlador de voo no momento dos fatos, foi inocentado a pretexto de possuir “deficiente controle emocional” e ter sido homologado para o trabalho atendendo a “pressões”, visando suprir carência de pessoal (!!!). É de se pasmar! Sobrou para o controlador Lucivando Tibúrcio de Alencar, que foi condenado. “Eh... a corda rebenta memo só do lado mais fraco e nunca perto do nó”, diria o poeta anônimo Zé Ninguém.

Tudo se repete. Nos dois acidentes aéreos em Uberaba, os investigadores se limitaram a procedimentos protelatórios para afirmar finalmente o que já se conjecturava há mais de cinco anos: Culpados foram os pilotos. No caso do jato Legacy, a injustificável absolvição do sargento Jomarcelo mostra a face questionável do nosso sistema de tráfego aéreo. Condenar os dois pilotos americanos a cumprir pena em casa mostra, data venia, que S. Exa. o juiz deixou a desejar.

Com tantos imbróglios, vamos fazer a Copa do Mundo aqui!?!

(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triãngulo Mineiro

 

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