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Como ficará o Brasil no futuro?

Aristóteles Atheniense
Publicado em 23/05/2011 às 00:47Atualizado em 20/12/2022 às 00:11
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Deveremos assistir até 2050 à transferência da importância política e econômica do Ocidente para o Oriente, com a China e a Índia pontificando como detentoras do produto mundial. Estudiosos dessa transformação adiantam que na metade do século atual a economia daqueles dois países estará equiparada à da União Europeia. Será o caso, então, de se indagar: como ficará o Brasil como quarta ou quinta economia do mundo e maior potência do Hemisfério Sul? Essa previsão, caso se confirme, sugere a permanência do nosso país em situação de equidistância entre a China e os EUA, sem se atrelar a qualquer dessas nações, não se expondo aos riscos dos conflitos iminentes que possam surgir na disputa pela titularidade do domínio mundial. Daí a necessidade de uma política externa bem ordenada através de negociação permanente, com equilíbrio da defesa dos direitos humanos e o respeito da autodeterminação dos povos. Joseph Nye, que foi assessor para defesa e diplomacia dos governos de Carter e Clinton, lançou recentemente a obra “The Future of Power”, ainda não traduzida para o português. O estudo condensa a sua experiência recolhida ao longo de dez anos ao lado daqueles presidentes e nas aulas que ainda hoje ministra em Harvard. Na sua opinião, os EUA ainda permanecerão na frente dos chineses, afastando a possibilidade de uma equiparação em renda per capita. O fato de a China manter o regime autoritário e a sua política de direitos humanos ser recebida com suspeita, contribuirá para que enfrente dificuldade em superar os EUA tanto como sociedade civil como nas ações de seu governo. A eleição de um presidente afroamericano, com um nome que soa estrangeiro, concorreu para restabelecer, em certa medida, a confiança no sistema político da nação norte-americana, principalmente após o fracasso da temerária aventura empreendida por George W. Bush, no Iraque. Pois este, quando não conseguiu da ONU uma resolução que apoiasse a sua investida, levou adiante seu plano arrojado pelo qual pagou um preço bem caro. Segundo Joseph Nye, a diplomacia não será mais realizada entre governos, passando a ocorrer entre esses últimos ou talvez entre populações apenas, afastando-se do figurino tradicional. O Conselho de Segurança da ONU, ainda que não represente o mundo de 1945, deverá subsistir, tendo ainda importante papel a cumprir na solução dos litígios internacionais. Quanto às cotas de votação do FMI, ainda que representem um mundo antigo, não estão ultrapassadas, dependendo de ajustes que deverão contar com a participação de países emergentes como Brasil, Índia e África do Sul. Nye, indagado sobre os novos rumos da diplomacia brasileira, reconheceu que a presidente Dilma Rousseff está dando mais ênfase à política dos direitos humanos, o que naturalmente conferirá mais poder ao nosso país, cujo impressionante crescimento econômico não pode ser ignorado. Comentando a recente abstenção brasileira na votação sobre a intervenção na Líbia, manifestou sua estranheza com aquele fato no momento em que o Brasil aspira à condição de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU. É dele o conceito de soft power que vem a ser o poder que um país ou cultura tem de atrair seguidores e persuadi-los, o que a seu ver falta à China para assumir a liderança como maior potência global.

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