ARTICULISTAS

Decadência partidária

Hugo Cesar Amaral
Publicado em 07/03/2011 às 16:06Atualizado em 20/12/2022 às 01:19
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O Partido do Movimento Democrático Brasileiro, popularmente conhecido como PMDB nasceu com ares de grande defensor dos valores democráticos, em tempos de repressão política e de restrição de direitos políticos e civis.

Diversos nomes de valor cerraram fileiras neste partido, merecendo destaque, dentre muitos, os de Tancredo Neves, em cuja pessoa a nação brasileira via a tradução dos valores éticos, libertários e democráticos de que tanto o Brasil necessitava ao final da Ditadura Militar; e de Ulisses Guimarães, que conduziu com maestria a elaboração, votação e aprovação da, senão perfeita, ao menos evoluída Constituição Cidadã de 1988.

Conquanto, o partido em apreço tenha uma origem nobilíssima, o passar dos anos não tem sido muito favorável à legenda, que viu desaparecer seus líderes históricos, sem que outros assumissem o comando do partido com a altivez e hombridade daqueles.

Hoje, o PMDB ressente de uma grande liderança nacional. Apesar de ocupar a vice-presidência da República, o partido não mais possui em seus quadros figuras carismáticas e de voz política forte junto ao eleitorado. Sarney, Calheiros e companhia normalmente ganham atenção das páginas dos jornais mais pelos escândalos em que se envolvem do que propriamente pelos princípios que defendem.

Outrossim, a acentuada a ligação peemedebista a quem está a deter o poder, independentemente de que corrente ideológica seja o partido (veja-se que o PMDB apoiou tanto o PSDB de FHC, quanto o PT de Lula e Dilma), evidencia que esta legenda está muito mais preocupada em usufruir de uma parte do bolo do poder do que defender um projeto de nação para os brasileiros. Esta promiscuidade partidária causa pleito após pleito o descrédito dos adeptos da legenda, pois traduz um absoluto vazio ideológico.

Talvez hoje o PMDB necessite de uma refundação, não meramente de nome, como o fez o Democratas (antigo PFL), mas sim uma refundação ideológica e de conduta no âmbito da política nacional. Mas para que tal reformulação ocorresse necessitaríamos de novos líderes, pois as figuras que hoje comandam o partido estão muito bem acomodadas politicamente e por certo não desejam alterar um estado de coisas que tanto os beneficia.

É lamentável ver um partido que há duas décadas encerrava princípios tão caros e importantes, hoje, brigando abertamente por ministérios e cargos do segundo escalão do poder federal, recorrendo até a chantagens sobre votação do salário mínimo para conseguir seu intento. Tancredo e Ulisses seguramente não teriam muito do que se orgulhar hoje em dia.

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