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Ronaldoooo!!!

As despedidas dos ídolos sempre são cercadas de fatos que justificam o porquê de terem chegado aonde chegaram

João Eurípedes Sabino
Publicado em 04/03/2011 às 19:37Atualizado em 20/12/2022 às 01:21
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As despedidas dos ídolos sempre são cercadas de fatos que justificam o porquê de terem chegado aonde chegaram. Histórias e histórias são contadas. Com Ronaldo Luiz Nazário de Lima, o nosso “Fenômeno” do futebol e maior artilheiro de todas as Copas do Mundo, não foi diferente. O fato real que descrevo a seguir é o retrato fiel do que a simples existência daquele ídolo pôde fazer. Senão vejamos:

“Mãe, na próxima semana irei à Tailândia obter o visto no meu passaporte”. Disse a filha à mãe pelo telefone, diretamente do hemisfério oposto ao nosso, ou melhor, na Índia. De Uberaba até lá são mais de trinta mil quilômetros.

A frase da filha continha uma certeza que ninguém, a não ser o Criador, poderia detectá-la. O dia de receber o visto no passaporte era 17/12/04 (sexta-feira) e a longa viajem marítima de Bombaim a Bangcoc merecia depois um descanso no belíssimo litoral tailandês, naquele fim de semana.

Plano feito, viagem realizada, mas a autoridade da Tailândia, digamos a Polícia Federal de lá, foi irredutível e certo agente falando um arrastado inglês mandou: “Infelizmente, não podemos atendê-la hoje. O seu dia ficou para 27/12/04, ou seja, na próxima segunda-feira”. Meu senhor, disse a jovem; eu vim de tão longe para obter esse visto. Não conheço ninguém no seu país e não posso aguardar aqui uma semana. Voltar na próxima sexta-feira e esperar até segunda é humanamente impossível para mim. O sisudo servidor do governo não se fez de rogado, ou melhor, nem se mexeu diante da súplica ouvida.

Por favor, insistiu a jovem, eu sou brasileira e não posso ficar aqui. Ok! Ronaldoooo!!!, eclodiu com um brado o austero homem da lei, referindo-se ao nosso goleador. “I love Ronaldo and Brazil!!!” Documentos pra lá, carimbos pra cá, vistos, selos etc., seguidos de amenidades. O tempo mudou naquele ambiente, regado a perguntas sobre o Brasil.

A brasileira, que deveria voltar na sexta-feira seguinte e passar ali um novo fim de semana, partiu naquele instante com a sua documentação regularizada. O grito “Ronaldooo!” ficou com ela para sempre gravado. O “Fenômeno” é realmente um fenômeno, devem estar vocês pensando, meus caros leitores. Apenas o prenome de Ronaldo Nazário resolveu uma intrincada situação. Não; muito mais que isso; muito... muito... Vocês verão a seguir.

É que, no domingo seguinte (26/12/04), ocorreu naquele país, a Tailândia, o devastador Tsunami e destruiu tudo. O local onde a brasileira manteve o diálogo retratado anteriormente simplesmente desapareceu. O nada ficou no lugar do nada. Tivesse ela voltado para passar o próximo fim de semana, como determinou o agente federal tailandês, com certeza aquela jovem estaria hoje junto às mais de 300.000 vítimas fatais.

Pergunta-se: O trio, composto pelo nosso Ronaldo, que estava na Espanha; a brasileira, na Tailândia, e a autoridade intransigente, tinha um “encontro marcado”? Uns chamam o fato de milagre, outros o rotulam de coincidência e eu, sem nenhuma dúvida, compreendo ser a ação das Leis Universais regidas pelo Criador.

A moça do fato é nossa filha Thaisa Lara Pontes Sabino. O merecimento e não outra coisa mudou os rumos de uma tragédia que sua família poderia ter vivido.

Moral da história: Quando ajudamos o filho de alguém, as Leis do Criador designam onde, quando e quem ajudará o nosso filho. Ronaldo viverá esta experiência.

(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região; membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

 

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