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Simbologia natalina

As crianças devem ser levadas a acreditar na existência do Papai Noel?

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 22/12/2010 às 21:02Atualizado em 20/12/2022 às 02:31
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As crianças devem ser levadas a acreditar na existência do Papai Noel? Quais os benefícios ou malefícios desta “mentira”? Esses questionamentos repetitivos e frequentes mostram a necessidade de esclarecimentos sobre o tema que deve ser iniciado com uma reflexão sobre a realidade.

A existência não se reduz ao real, uma vez que o irreal também existe, assim como o a-real. Se o adjetivo real se refere às coisas e se opõe ao aparente, fictício, ideal ou ainda ilusório, o a-real abre a possibilidade de uma outra realidade que não nega a primeira – os símbolos. Em outras palavras, o real é compartilhado por todos, o irreal é vivido por um e o a-real por muitos, pois símbolo é aquilo que, por sua forma ou sua natureza evoca, representa ou substitui, num determinado contexto, algo abstrato ou ausente.

O Papai Noel é um símbolo do Natal e no dicionário Aurélio significa Presente de Natal. Ele tem sua existência assegurada enquanto símbolo. Ele representa o Natal. Sua imagem nos remete ao nascimento de Cristo, comemorado no dia 25 de dezembro, data em que o costume popular estabeleceu como o dia de dar e receber presentes.

O Papai Noel é um velho bondoso e sorridente, que habita o Pólo Norte, responsável pela confecção e distribuição de presentes na noite que antecede o Natal propriamente dito. Sua roupa é vermelha e branca com um grande cinto e botas pretas.

Analisando-o detalhadamente encontramos: sabedoria, confiança e segurança. Por ter vivido muito, ele é sábio; por ser velho, ele é confiável; por já ter passado do tempo reprodutivo, ele transmite segurança – todos  podem se sentar no seu colo sem o risco de um ataque sexual ou violento. Ele chega à noite, sorrateiramente pela chaminé das casas, onde encontra leite fresco e os bolinhos que gosta, em frontal oposição aos perigos da noite e daqueles famintos que veem de longe.

A noite sempre foi considerada pelos homens como a hora das trevas e de todas as criaturas malignas, reais ou imaginárias. A noite podia ser fonte de perigos bem reais como a chegada surpreendente do inimigo esfomeado, atraído pelos bens conquistados, ou ainda pelos animais em busca do aplacamento das suas necessidades. A figura do Papai Noel assegura a chegada do estrangeiro bom que, mesmo vindo de tão distante, traz em sua bagagem muitos presentes e só deseja leite fresco e bolinhos.

 

(*) psicóloga e psicanalista

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