Paixão nacional

Esporte de massa, alegria do povo, paixão nacional. Até mesmo quem pouco se importa com o futebol conhece essas suas perífrases e acaba se empolgando com alguma partida especial, principalmente, neste país do futebol, quando entra em campo a Seleção Brasileira. 

E mesmo não sendo torcedor, alegra-se quando a Seleção ganha a Copa do Mundo. E também se entristeceu ou se envergonhou com o placar nunca antes desejado ou esperad Alemanha 7 x 1 Brasil. Melhor seria conseguirmos esquecer esse resultado. O problema é que quem perde nunca esquece a derrota. Aliás, o mundo todo nunca mais esquecerá esse resultado.

Lamentos à parte, futebol é uma alegria tão intensa, que torcedores orgulhosos sempre exibem a camisa do seu time do coração. E não se importam se o time, na rodada de fim de semana, levou uma surra. Faz parte. O torcedor continuará apoiando a equipe, na certeza de que vitórias virão.

Resultados do futebol ora ensejam comemorações, como carreatas da alegria pelo clube campeão, ora motivam fatos desagradáveis, como briga entre torcidas adversárias. Às vezes, a rivalidade é tamanha, que autoridades policiais têm exigido torcida única em determinadas disputas.

Outra particularidade bastante negativa ligada ao esporte bretão é qualquer discriminação sofrida por jogadores. Em partida recente, o Santos venceu o Vasco da Gama por 3 x 0. E Sidão (assim com “s”), goleiro do Vasco, por sua atuação desastrosa, foi o responsável pelo resultado infeliz. Por maldade, internautas então o elegeram Craque do Jogo, título cujo troféu é dado pela Rede Globo. E coube à repórter Júlia Guimarães entregar o prêmio ao Sidão, que chorou com a ofensa, provocando também o choro da repórter.

A própria Globo criticou o ato, na voz dos comentaristas Walter Casagrande e Galvão Bueno. Nas redes sociais, Sidão se manifestou: “Que esse constrangimento generalizado toque cada um de nós (...), todos aqueles que buscam e tentam fazer um futebol melhor, tendo como pilar principal o respeito profissional.” Após o erro grosseiro, a Globo pediu desculpas ao Sidão e anunciou novos critérios para escolha do Craque do Jogo.

Infelizmente, a torcida do contra não se cansa de agir de forma negativa. A torcida adversária, por exemplo, provocou flamenguistas com manifestações racistas em recente jogo, atitude que merece enérgica punição. E em jogo pelo Campeonato Espanhol, um torcedor racista atirou uma banana para o craque brasileiro Daniel Alves, que a comeu, num gesto espontâneo. O torcedor poderá pegar até três anos de prisão, se condenado. 

Episódios de discriminação, preconceito e injúria racial precisam ser punidos nas formas da lei. E somente com profissionais e torcidas educados e respeitosos, o futebol persistirá como esporte de massa, alegria do povo e paixão nacional.