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A energia poética dos chapadões

Há momentos em que nos deparamos com sentimentos existenciais conflituosos

José Humberto Guimarães
Publicado em 16/04/2019 às 21:27Atualizado em 17/12/2022 às 19:59
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Há momentos em que nos deparamos com sentimentos existenciais conflituosos os quais ocasionalmente nos abatem, desanimando-nos e, por vezes, felizmente, nos instigam a lançarmo-nos na busca de lenitivos. Dentre apelos interiores utilizados para reversão de dúvidas existenciais, está a fuga do ambiente cotidiano e a busca de espaços repositores de energias. Onde estão e como encontrar estes imaginários lugares restauradores do estado de espírito? 

Provavelmente, em vários locais. Mas há aquele nicho especial que por suas características peculiares é acolhedor e estimulador! Um destes habitat existe e está aqui bem perto de Uberaba. Por sua amplitude, no passado, foi denominado “abismo horizontal do homem” e, pelo primitivismo, foi considerado até imprestável. No entanto, não é desbarrancado e nunca foi inútil. Revestido naturalmente de campina rústica, tinha como serventia apenas a alimentação precária de bovinos. Também foi palco de inúmeras caçadas de animais e aves silvestres, hobby de uma plêiade de fazendeiros plagiadores do glamoroso esporte da aristocracia inglesa.

Teve como primeira serventia eminentemente econômica a produção de madeira oriunda de grande extensão de florestas artificiais de eucalipto e pinus, impulsionadas por incentivos fiscais.

Nas reservas naturais tem flora rica e variada, disponibilizando, entre outras, plantas e raízes medicinais que elevam o ardor sexual de humanos. A fauna também é rica: lobos guarás, veados campeiros, teiús, tamanduás, tatus, emas, seriemas, lagartos, gaviões sapos e pererecas povoam campinas, capões de mato e covoais.

Proeminente, a mil metros de altitude, o cenário revela, ao longo do horizonte, planícies pontilhadas de veredas, fontes de riachos cristalinos.

É detentor de centenas de mananciais que formam malha hidrográfica importante, vertendo, curiosamente, parte deles para a bacia do rio Grande e parte para a do rio Paranaíba. Ali nascem os rios Tejuco, que vai abastecer a longínqua Ituiutaba, os rios Uberabinha e Beija Flor que são fontes supridoras da nossa vizinha Uberlândia, e os rios Claro e Uberaba que nos abastecem.

A paisagem é exuberantemente colorida, o clima é impregnado com brisa aromatizada pelo campo e sua infinitude sugere outras esferas espaciais. O ambiente é inspirador e pode nos transportar, como num passe de mágica, a planos superiores, materiais e espirituais. É cortado por uma ferrovia centenária que transportava gente e cargas manufaturadas entre o Triângulo Mineiro e São Paulo e na atualidade carrega grãos, açúcar e álcool para portos oceânicos.  

Notabilizado por sua extraordinária topografia plana, passou a atrair agricultores que buscavam áreas plenamente mecanizáveis e se tornou, através de tecnologias, lugar ideal para cultivo de lavouras de variadas culturas. Com este mosaico de ambientes multifacetados a delinear a paisagem, reúne energias vivas e nos integram ao processo criativo que ali se realiza ininterruptamente.

Estes componentes constituem os “Chapadões da Palestina” e fazem deles um lugar mágico e apoteótico. Para contemplá-los, dirija-se pela BR-050 em direção à Uberlândia até o Posto Caxuxa e neste ponto à direita pegue a estrada de terra que leva à Estação da Palestina. Depois de percorrê-los, você vai se sentir reenergizado e confiante!

(*) Consultor para parcerias e arrendamentos rurais; ex-secretário de agricultura de Uberaba

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