ARTICULISTAS

A polaridade da atração amorosa e agressiva

Inicialmente, vivemos um grande interesse, nunca visto anteriormente, pela política e seus desdobramentos

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 26/03/2019 às 21:54Atualizado em 17/12/2022 às 19:19
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Inicialmente, vivemos um grande interesse, nunca visto anteriormente, pela política e seus desdobramentos. Agora estamos fartos de tanto ir e vir, de progressos e regressões ardilosas, de enclausurar e libertar personalidades politicas. E parece que estamos apenas começando este process mudar de vez esta forma de fazer política ou realmente permanecer na mesma rede de corrupção, de compra e vende de opiniões e votos! 

Diante desse terrível “mal-estar”, nada como voltar aos textos freudianos em busca de inspiração. Depois de teorizar sobre a “Pulsão de Morte” que estaria “Além do Princípio do Prazer”, Freud precisou rever alguns pontos de vista já apresentados arduamente nos textos e conferências, dentre eles o seguinte: o homem situa-se no “antagonismo possivelmente irredutível entre as duas pulsões originárias – a de Eros (vida) e a de Morte”. Em outras palavras: o destino da espécie humana deve ser pensado de acordo com a capacidade do homem em dominar as perturbações transpostas à vida quotidiana pelas forças internas agressivas vividas enquanto autodirigidas ou heterodirigidas. Lembramos a tempo que a livre satisfação das necessidades humanas impulsivas é incompatível com a sociedade civilizada.

Em seu tempo, Freud viveu toda a barbárie nacional-socialista, passou pelo terremoto das Guerras Mundiais e das ameaças, rapidamente reconhecidas, que a utopia bolchevista parecia carregar em seu bojo. Leitor assíduo de jornais, frequentemente deixou transparecer seus sentimentos políticos, feitos de discrição crítica e resoluta oposição a toda e qualquer forma de ilusão. O que nos ilude agora?

Será uma ilusão acreditar que conseguiremos eliminar de vez a corrupção endêmica brasileira? Nem bem conseguimos laboriosamente um passo à frente e somos levados numa onda imensa regressiva às velhas e odiosas práticas antigas do “toma lá dá cá”! Será que conseguiremos a independência harmoniosa dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário? Até quando as classes trabalhadoras deste país conseguirão sustentar tantos vorazes tubarões do poder? Às vezes, me pego admirada com as enormes quantias desviadas das obras públicas para empresas e pessoas físicas. Quantias jamais imaginadas. Por que um servidor público, já assalariado, necessita de mensalões que se situam entre centenas e bilhões de reais? Entre uma simples cueca recheada de dólares a malas de dinheiro e até mesmo apartamentos de dinheiro? Será que os princípios que regem esses dispositivos, família, Estado e Sociedade, criados para evitar o sofrimento decorrente da vida social através da organização das relações entre os homens, não deveriam ser simplesmente chamados de ILUSÃO? 

(*) Psicóloga e psicanalista

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