Não sei por que o nosso Mercado Municipal, inaugurado na década vinte, é destituído de um nome para homenagear algum dos nossos benfeitores. Enquanto isso, ele segue firme assistindo e participando da nossa história. É prazeroso chamá-lo só de Mercadão. Deixem-no assim.
Na semana em curso, o nosso “mastodonte” em formato de bolo, na visão de Orlando Ferreira, o Doca, in “Terra Madrasta”, foi destaque nas redes sociais. Ratos e baratas saídos do piso próximo a uma de suas portas laterais fizeram a festa. Funcionárias do local, vistas pela objetiva do denunciante, confirmaram a existência dos bichos: “Tem demais”, disseram.
Eu que tenho vínculos com aquele lugar, iniciados aos meus cinco anos de idade quando meu pai era estabelecido ali, confesso-me triste com o que vi. Não propriamente com os ratos e baratas mostrados, mas de saber que aquele bem do Patrimônio Histórico não merece isso. Palco de visitas ilustres, lugar dos filhos ausentes “matarem a saudade”, conversas coloquiais de amigos, shows musicais hoje extintos, sorriso espontâneo de Pelé, famílias que ali vivem há décadas, etc., francamente...
Nesta página já escrevi sobre o nosso Mercadão (que continue esse nome), mencionei amigos, levei turistas para conhecê-lo, mostrei a alunos a sua impecável estrutura de madeira pintada (!?!), enfoquei o desrespeito ao seu entorno, vejo o parquímetro abrindo vagas para estacionamento, assisto à pouca presença de policiamento, confess meu querido Mercadão, eu não gostaria de ter feito esta crônica. Por quê? Porque você é um dos símbolos de Uberaba e falar de nossas mazelas, me dói.
Ali estão as pessoas de melhor prosa, falo sem medo de errar. Nem é preciso dizer que os melhores e raros produtos da cidade também. Sei que cada permissionário faz a sua parte, mas convenhamos, ratos e baratas podem até combinar entre si, todavia, com o lugar, não! Vai que o fato cai no esquecimento...
Há tempos assisti a uma ratazana passar com sua carreira de filhotes no mesmo local. Foi repugnante. Reclamei ao administrador da época e a resposta foi essa: “Vamos higienizar o local”. Oxalá outras providências sejam tomadas agora dentro e fora do Mercadão. Um primo meu em São Paulo ingeriu fruta contaminada por urina de rato e teve fim trágico.
Você Mercadão, está em cada um dos seus conterrâneos!